16 dez, 2016 - 08:54
O Presidente russo definiu esta sexta-feira um nova fase para Síria, ao defender negociações para alcançar um cessar-fogo para todo o país, depois de Alepo. Durante uma visita ao Japão, Vladimir Putin afirmou ter acordado com o seu homólogo turco, Tayyip Erdogan, novas conversações de paz que devem decorrer em Astana, Cazaquistão.
Perto de oito mil pessoas já abandonaram a cidade de Alepo, segundo fonte do governo turco, citado pela agência Reuters. Mas esta manhã foi suspensa a evacuação: o sexto comboio humanitário, com dezenas de autocarros e carros repletos de civis e rebeldes, prepara-se para sair da cidade quando foram ouvidas explosões.
Um
elemento da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Alepo revela que a ordem terá
partido de forças russas, que estão a monitorizar essa retirada.
Uma fonte do Governo sírio acusa os rebeldes de "obstruções" ao processo. A televisão estatal assegura que durante a retirada, os rebeldes estariam a transportar também prisioneiros, o que viola o acordo de paz.
Já um órgão de informação próximo dos libaneses do Hezbollah garante que um grupo de pessoas bloqueou a estrada que permite sair de Alepo, exigindo também que sejam retirados os civis de duas localidades xiitas próximas da cidade.
Até 100 mil civis poderão ser retirados de Alepo, anteviu o vice-primeiro-ministro turco, Veysi Kaynak, citado pelos media locais. Estes deslocados vão ser encaminhados para dois campos junto à fronteira com a Turquia, que vão ter a capacidade para 80 mil pessoas.
Os bairros da zona leste de Alepo tinham cerca de 250 mil habitantes antes do início da ofensiva de Damasco há cerca de um mês, segundo estimativas divulgadas.
UE defende corredores humanitários
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, apela à "abertura imediata de corredores humanitários" para a retirada de civis em Alepo e a entrada de ajuda na cidade síria, mas admitiu que a União Europeia "não foi efectiva".
"Para ser claro, face à brutalidade do regime [sírio] e dos seus apoiantes - a Rússia e o Irão -, não fomos tão efectivos como gostaríamos de ter sido, mas não somos indiferentes ao sofrimento do povo sírio", afirmou, acrescentando: "Usamos todos os canais diplomáticos para a abertura imediata de corredores humanitários para a entrada ajuda humanitária e a saída dos civis".
No final de uma cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, em Bruxelas, que discutiu o conflito na Síria, o primeiro-ministro português disse que a evolução da situação está manifestamente longe da vontade da comunidade internacional de garantir a protecção dos civis e pôr fim ao drama humanitário em Alepo.
"É manifesto que os resultados que nós vamos assistindo ao que acontece em Alepo estão muito aquém daquilo que é a vontade que a comunidade internacional tem manifestado relativamente àquilo que todos ansiávamos, que era que fosse restabelecida a paz e segurança para todos aqueles, sobretudo populações civis, que estão a ser vitimadas por aqueles ataques", afirmou.
[Notícia corrigida às 14h12]