24 dez, 2016 - 23:19
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a resolução sobre colonatos judaicos aprovada na sexta-feira pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas é "parcial e vergonhosa" e vai analisar a possibilidade de acabar com o financiamento israelita à ONU.
"Encarreguei o Ministério dos Negócios Estrangeiros de completar num mês uma reavaliação de todos os nossos contactos com as Nações Unidas, incluindo o financiamento israelita de instituições da ONU e a presença de representantes da ONU em Israel", disse Netanyahu numa cerimónia transmitida pela televisão pública israelita.
“Já dei ordens para travar a transferência de 30 milhões de shekels (7,5 milhões de euros) de financiamento para cinco agências da ONU que são particularmente hostis a Israel… E esperem por mais”, declarou, sem especificar quais as entidades em causa.
Em causa está a resolução aprovada na sexta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU que exorta Israel a "cessar imediata e completamente qualquer actividade de colonização em território palestiniano ocupado, incluindo Jerusalém Oriental".
"A decisão que foi tomada é parcial e vergonhosa", disse Netanyahu, que promete que Israel não a vai cumprir. "Poderá levar algum tempo, mas a decisão será anulada."
Numa decisão histórica, os Estados Unidos abstiveram-se, em pleno Conselho de Segurança das Nações Unidas, na votação de uma resolução que exigia o fim da construção de colonatos judaicos nos territórios ocupados na Cisjordânia.
O documento, apresentado pela Nova Zelândia, Malásia, Venezuela e pelo Senegal, um dia depois do Egipto ter retirado a sua proposta, recebeu 14 votos a favor e a abstenção norte-americana, a que se seguiu uma salva de palmas.
Para Netanyahu, é "absurdo” que a administração de Barack Obama, em fim de mandato, e o Conselho de Segurança ataquem “a única democracia no Médio Oriente”.
Do outro lado do conflito, o Presidente palestiniano afirma que a resolução é um voto de apoio à solução de dois estados no Médio Oriente.
"A resolução do Conselho de Segurança é uma bofetada na política israelita. É uma condenação internacional absoluta, unânime, dos colonatos e um voto de apoio à solução de dois estados", disse Mahmoud Abbas, em comunicado, difundido pela agência oficial Maan.
O primeiro-ministro israelita chamou entretanto o embaixador norte-americano em Israel e ainda, separadamente, os representantes diplomáticos de outros dez dos 14 países que votaram a resolução. Representantes do Reino Unido, China, Rússia, França, Egipto, Japão, Uruguai, Espanha, Ucrânia e Nova Zelândia foram chamados ao Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita.