10 jan, 2017 - 23:32 • José Alberto Lemos, em Nova Iorque
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António Guterres fez esta terça-feira, em Nova Iorque, a sua primeira intervenção oficial como secretário-geral perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas e aproveitou para exortar os países membros a apostar na prevenção mais do que na gestão dos conflitos.
Guterres reforçou a mensagem que já tinha deixado quando jurou a Carta da ONU, em Dezembro, insistindo que o importante é garantir um desenvolvimento sustentável, a melhor forma de assegurar a paz e evitar os conflitos.
“Gastamos muito mais tempo e recursos a responder a crises do que a preveni-las. Estamos a pagar um preço demasiado alto por isso. Precisamos de uma abordagem completamente nova”, afirmou o novo secretário-geral, admitindo que tem sido difícil convencer os responsáveis mundiais de que a prevenção deve ser a sua prioridade.
“Talvez porque a prevenção não atrai as atenções, as câmaras de televisão não estão lá quando se evita uma crise”, ironizou.
Por isso, Guterres acha que é necessário promover uma mudança na forma como se encaram as situações internacionais, pondo termo a uma prática de décadas. Inclusão e coesão sociais, através de investimentos económicos, políticos e culturais, é a via que advoga para evitar os conflitos, fazendo com que todos se sintam membros da comunidade onde se inserem e aprendam a respeitar a diversidade em vez de a encararem como uma ameaça.
Muitas oportunidades de prevenir conflitos se perderam por falta de confiança entre os membros das Nações Unidas envolvidos, constatou Guterres, defendendo que os desentendimentos do passado não podem impedir a resolução dos problemas do presente.
A prevenção dos conflitos não deve ser nunca usada com intuitos políticos, visando obter outras vantagens, alertou. Por isso, prometeu mobilizar todos os esforços do seu gabinete para melhorar a comunicação entre os membros do Conselho de Segurança e aumentar a transparência nas relações entre os países. A confiança é a chave do sucesso, crê Guterres.
“Seria ingénuo pensar que 2017 será um ano de paz, mas é nossa obrigação fazer tudo que pudermos para o tornar um ano para a paz”, concluiu o secretário-geral, num toque de realismo para contrabalançar os ambiciosos objectivos que apresentou ao Conselho de Segurança.