13 jan, 2017 - 11:21 • André Rodrigues
As Nações Unidas acusam governos europeus de usar a violência para desincentivar a vinda de refugiados e assim reverter o movimento de milhares de pessoas que tentam escapar aos conflitos na Síria e no Iraque.
Numa conferência de imprensa, esta sexta-feira, o Alto Comissariado da ONU e a UNICEF acusam as autoridades de diversas violações graves dos direitos humanos, agressões e até retirada de bens, como telemóveis.
Os refugiados e migrantes estão a morrer nos campos. Nesta crise “importa salvar vidas e não burocracias e acordos”, alertou Sarah Crowe, porta-voz da UNICEF em Genebra, acrescentado que a situação mais dramática vive-se na Grécia, na ilha de Lesbos.
Phillipa Kempson, uma voluntária britânica que presta assistência nesta ilha grega, confirma esta versão e dá conta de relatos de desespero. “Falei recentemente com vários refugiados que me disseram que preferem regressar à Síria e terem uma morte rápida do que permanecer retidos aqui para uma morte lenta - é a prova de quão mau isto pode ser”, descreveu à Renascença a partir de Lesbos.
De acordo com o Alto Comissariado para os Refugiados, pelo menos, cinco pessoas morreram de hipotermia e mais de 1.000 estão sem acesso a equipamentos de aquecimento nas tendas e dormitórios espalhados pela Grécia.
Por outro lado, Joel Millman, da Organização Internacional das Migrações, apresenta números que espelham a tragédia contínua no Mediterrâneo: pelo menos 27 pessoas morreram desde o início do ano ao tentarem a travessia entre o norte de África e a Europa.
Cerca de 350 mil migrantes chegaram à União Europeia no ano passado, representando um declínio acentuado em relação a 2015, quando entrou mais de um milhão de pessoas, segundo a agência europeia de controlo de fronteiras Frontex. Já a Organização Internacional das Migrações registou a morte de que 4.812 pessoas no Mediterrâneo.