18 jan, 2017 - 15:57
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Os presidentes das comissões parlamentares ibéricas do Ambiente e da Energia vão debater na quinta-feira a central nuclear de Almaraz e Portugal vai propor a criação de um grupo de deputados luso-espanhol para trabalhar o tema.
"Vamos procurar encontrar formas de cooperação, de trabalho conjunto entre estas duas comissões que levem a que haja uma solução justa tanto para Espanha como para Portugal", no que respeita à atividade da central nuclear de Almaraz, disse hoje à agência Lusa o presidente da Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, Pedro Soares.
Na reunião, que partiu do convite do presidente da comissão espanhola, Ricardo Sixto, e vai decorrer no Congresso dos Deputados, em Madrid, "a possibilidade da criação de uma comissão luso-espanhola, ibérica, que aborde esta questão é um dos assuntos que deve estar em cima da mesa".
"Há já por parte da Comissão de Ambiente a indicação de que seria favorável à criação de uma comissão parlamentar ibérica que aborde esta matéria e essa é uma das propostas que vou fazer", especificou Pedro Soares, do Bloco de Esquerda.
Na segunda-feira, Portugal, através do Ministério do Ambiente, entregou à Comissão Europeia uma queixa contra Espanha pela decisão de construir um armazém de resíduos nucleares em Almaraz, a 100 quilómetros da fronteira portuguesa, sem avaliar o impacto ambiental transfronteiriço, como estipulam as regras europeias.
"Há um posicionamento muito convergente em termos políticos no nosso país que é uma coisa rara no sentido de, não só condenar a construção do armazém temporário, mas também de pressionar as autoridades espanholas para o encerramento da central nuclear de Almaraz", realçou Pedro Soares.
Esta questão torna-se importante porque o Governo espanhol vai ter de decidir sobre o prolongamento ou não da central e, disse o deputado, a ideia é "colocar esta questão também na agenda em Madrid".
Do lado espanhol somente o Partido Popular (PP, direita), que não tem maioria no parlamento, não tomou posição clara sobre o prolongamento da vida da central, por isso Pedro Soares defende que "o papel dos parlamentos, tanto em Portugal como em Espanha, "pode ser decisivo".
"O problema que está colocado não é de política energética é de segurança e esta questão tem de ser tratada de forma ibérica pelos dois países, com todo o respeito pela soberania, mas também com toda a compreensão de que o limite da fronteira administrativa não é limite para a progressão da nuvem radioativa", resumiu o presidente da comissão parlamentar do Ambiente.
Na próxima cimeira ibérica, entre os dois primeiros-ministros, "dois dos temas incontornáveis" serão a gestão da rede hidrográfica comum, dos rios Tejo, Douro e Guadiana, mas também o problema de Almaraz, acrescentou.