19 jan, 2017 - 16:32 • José Carlos Silva
O empresário português António "Tony" Frias, apoiante do novo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, acredita que a nova administração do país vai melhorar a economia.
O chamado "rei do betão" chegou aos Estados Unidos em 1955, começou a trabalhar quase imediatamente numa fábrica de sapatos e nunca mais parou. Já contribuiu com fundos para campanhas democratas, como as dos Kennedys e a de Jimmy Carter, chegou a organizar angariações de fundos para o republicano Mitt Romney, e, desta vez, decidiu "investir" em Trump. Afirma, em entrevista telefónica à Renascença, que nada há a recear no que toca à questão da imigração, nomeadamente para a comunidade portuguesa, e considera que uma coisa são palavras duras na campanha, outra é a prática.
Com negócios no sector da construção civil e do imobiliário, Tony Frias não espera ser particularmente beneficiado, mesmo apesar de ter assumidamente aberto os cordões à bolsa para ver Donald Trump ser eleito. “Ajudei. Estive em várias reuniões, investi, dei um pouco com as minhas posses para ajudar à campanha”, admite.
Com esta eleição, diz, viveu o melhor Natal de sempre.
Como é que se sente depois da disputada eleição de Donald Trump?
Sinto-me radiante. Este Natal que passou foi um dos melhores natais da minha vida. Porque acredito que ele [Trump] vai pôr isto tudo a funcionar. Os liberais andaram a tirar o dinheiro a uns para dar aos outros, e o que é preciso é produzir, começar tudo a trabalhar, a criar riqueza, não é a "inventar" a tirar dinheiro a alguns.
Os imigrantes portugueses têm alguma coisa a recear com esta eleição?
Não têm nada a recear. Nas campanhas, o que as pessoas dizem e fazem é uma coisa, quando tomam posse é outra.
Donald Trump vai ser bom para a economia norte-americana?
Vai ser melhor para tudo. Para a economia, para a defesa, para tudo. É ver as pessoas que ele está a nomear para o seu gabinete. É tudo gente com grande peso e prestígio, generais, economistas, tudo.
Pensa que os Estados Unidos vão ter uma nova força com Donald Trump?
Sem dúvida. Os Estados Unidos estavam a decair um bocado. É preciso encorajar esta gente a ter bons trabalhadores porque é preciso ver que desde 1970 fecharam 73 mil fabricas aqui nos Estados Unidos. É uma loucura.
Nos seus negócios espera ser beneficiado?
Não, eu sempre tive atitude positiva, trabalho, quanto mais se trabalha mais sorte se tem, e há muito trabalho. Nunca vi tanto trabalho como o que está planeado. E são trabalhos grandes. E há também muito investimento estrangeiro, da China, dos países árabes, e é porque acreditam na estabilização do país.
Então o que é que mudou?
A outra administração só colocava obstáculos e restrições. Isto agora vai ser mais aberto, mais à vontade, deixar as pessoas trabalhar.
Dê-nos um exemplo.
O ambiente. Não basta dizer o que não se pode fazer. É preciso dizer o que se pode fazer. E este foi o problema da esquerda. É preciso deixar as pessoas trabalhar, progredir, produzir. Não interessa o que a pessoa ganha. É o que ela produz que interessa.
Conhece pessoalmente Donald Trump?
Claro que conheço e bem. Já estive com ele quatro vezes. Conheço-o há anos. Ele ainda não era casado com esta senhora com quem está. Ele até numa festa me apresentou a actual senhora, como a sua "fianceé".
A gente olha para ele com respeito nos negócios. E ele diz o que pensa, não manda dizer. Há muitas pessoas com medo, na Europa, a respeito da NATO, mas vai ficar tudo na mesma. Numa coisa ele tem razão: os Estados Unidos é que pagam por tudo, colocam os jovens a perder o sangue para salvar o mundo e ainda pagam 72% dos custos da NATO.
Acha que esses argumentos valeram a vitória de Trump?
Não há dúvida. Como é que ele ganhou? Eu estive junto à Trump Tower [em Nova Iorque, sede de campanha e residência de Trump] e estavam a preparar-se para ele perder – mas ele chocou tudo e todos.