30 jan, 2017 - 15:28
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O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, criticou esta segunda-feira o encerramento de fronteiras, dias depois de os Estados Unidos terem adoptado medidas restritivas de imigração e asilo.
“As fronteiras africanas permanecem abertas para aqueles que precisam de protecção quando muitas fronteiras estão fechadas, incluindo as dos países mais desenvolvidos do mundo”, disse Guterres no discurso que proferiu na reunião da União Africana (UA), a primeira em que participou enquanto secretário-geral da ONU.
Os países africanos figuram entre os “mais generosos” do mundo para os refugiados, disse Guterres.
O discurso do líder da ONU não faz referência directa às medidas restritivas de imigração e asilo adoptadas pelos Estados Unidos.
Donald Trump decidiu proibir a entrada nos Estados Unidos de refugiados durante quatro meses (e, por tempo indeterminado, dos refugiados oriundos da Síria). Mandou também suspender por 90 dias a entrada de quase todos os cidadãos de sete países de maioria muçulmana: Iraque, Síria, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen.
A presidente cessante da Comissão da UA, a sul-africana Nkosazana Dlamini-Zuma, também se mostrou preocupada com o novo ambiente internacional, que se traduz em muitas incertezas para o continente africano.
“É claro que, globalmente, estamos a entrar num período de turbulência; por exemplo, o mesmo país onde o nosso povo foi levado como escravo decidiu proibir os refugiados de alguns dos nossos países”, disse Dlamini-Zuma.
A cimeira dos 28 países da UA é uma das maiores dos últimos anos, e deverá analisar o pedido de Marrocos para a reintegração na organização e eleger um novo presidente da Comissão, dois assuntos que garantem divisões profundas dentro da organização, segundo a AFP.
Críticas em todo o mundo
As novas medidas restritivas de asilo e imigração adoptadas por Trump estão a ser muito criticadas. São uma “página negra na história dos Estados Unidos”, considera o arcebispo Blase Cupich, de Chicago.
O presidente da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), Rui Marques, defende que o mundo deve “afirmar, sem medo nem hesitação”, que as medidas são ilegítimas.
O Governo português vê “com muita preocupação” as decisões de Trump nesta matéria e diz que estas medidas são ilegais à luz da legislação portuguesa e europeia.