15 mar, 2017 - 09:00
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Os holandeses já estão a votar. Participam 28 partidos nestas eleições parlamentares, que são dominadas pela popularidade da extrema-direita eurocéptica e xenófoba e pelo conflito diplomático com a Turquia.
Segundo as sondagens, a direita, encabeçada pelo primeiro-ministro, Mark Rutte, lidera as intenções de voto mas com escassa vantagem sobre a extrema-direita de Geert Wilders, que alguns estudos de opinião admitem mesmo que pode vencer estas eleições.
Num sistema político complexo como o da Holanda, onde quase todos os governos resultam de coligações, dado apresentarem-se às urnas dezenas de partidos, mesmo que Wilders - eurocéptico e islamofóbico - seja o mais votado, não é certo que consiga formar um executivo.
Até porque durante a campanha todos os restantes candidatos têm garantido que não farão parte de um Governo com o PVV, que necessita de aliados para obter uma maioria.
Após ter obtido nas últimas eleições nacionais, em 2012, 10% dos votos, e de nas eleições europeias de 2014 ter alcançado 17%, o PVV, que tem entre as suas “bandeiras” eleitorais a promessa de realização de um referendo sobre a saída da Holanda da UE e o “fim da islamização” do país, surge à frente em recentes sondagens, com a possibilidade de conquistar 20% dos votos.
No actual Governo holandês é constituído por uma coligação formada pelo Partido Popular para a Liberdade e a Democracia (VVD/ centro-direita) do primeiro-ministro Mark Rutte – que surge nas sondagens a disputar a vitória com o PVV -, e pelos trabalhistas do Partido do Trabalho (PvdA/centro-esquerda), mas a fragmentação de votos prevista faz adivinhar a necessidade uma coligação de quatro ou mesmo mais partidos.
Na Holanda, o último executivo de um só partido ocorreu em 1891.
Esta eleição é a primeira de três que podem mudar o cenário político europeu, sendo as outras a francesa (entre 23 de Abril e 7 de Maio) e a alemã (24 de Setembro). E é a primeira depois do plebiscito britânico que vai levar à saída da Grã-Bretanha da União Europeia (UE). Acontece num momento em que o projecto europeu parece ameaçado em várias frentes, seja pela aparente descrença dos cidadãos comunitários nas vantagens da união, seja pela descrença nos políticos e no sistema político tanto ao nível nacional como comunitário, seja por causa das ameaças ao padrão de vida do continente, vindas das minorias étnicas e religiosas e da entrada maciça de refugiados muçulmanos. No panorama internacional, também a coesão da Europa estaria ameaçada pela mudança da política norte-americana e pelo novo expansionismo da Federação Russa.