05 jun, 2017 - 15:54
O embaixador de Portugal no Qatar, Tânger Correia, garante que a situação está estável no país que viu os laços diplomáticos com cinco países do Golfo Pérsico serem quebrados na manhã desta segunda-feira.
Em declarações à Renascença, Tânger Correia fala do escalar da tensão e aconselha os 1.500 portugueses a residir no Qatar a estarem atentos.
Quantos portugueses há a residir actualmente no Qatar e que conselhos dá a população portuguesa a residir neste país?
Nós temos cerca de 1500 cidadãos portugueses no Qatar. O meu conselho é para se manterem calmos e atentos, contactarem a embaixada, caso a situação evolua. Nós também procuraremos mantê-los informados a evolução da situação.
Mas a situação nas ruas é calma neste momento, senhor embaixador?
É, completamente calma. Aliás, dos 2,7 milhões de habitantes recentemente recenseados aqui no Qatar, só cerca de 250 a 260 mil é que são qataris. Todos os outros são estrangeiros, portanto não há nem poderá haver qualquer tipo de manifestação de rua ou manifestações de alguma violência. Isso está completamente fora de causa. Não há hipótese nenhuma.
Esta situação não é nova. O Qatar tem sido acusado de apoio à irmandade muçulmana no Egipto. Foi por isso que as relações com os países do Golfo e com o Egipto se deterioraram. Eu penso que nesta parte do mundo ninguém é inocente. Como sabe é uma situação muito complexa com uma geometria variável de extrema complexidade, porque se olharmos com alguma lucidez para o desenrolar dos últimos acontecimentos, nomeadamente dos últimos 4 anos, é evidente que qualquer pessoa medianamente informada sabe o que é que se passa.
Consequências deste terramoto diplomático na região?
Terá com certeza. Quais é que elas são ainda é cedo para prever. Aparentemente, os Estados Unidos que são um player importante quer na região quer globalmente já fizeram saber que gostariam de ver esta crise resolvida o mais rapidamente possível. A Rússia, pelo seu lado, terá também uma palavra a dizer e também creio que é do interesse da Rússia que esta situação se mantenha por muito tempo.
Mas está em risco a estabilidade já de si precária da região?
Sim, esta região nunca foi particularmente estável, mas em termos físicos não vejo um aumento de instabilidade. Vejo talvez mais um aumento de instabilidade a nível político e diplomático