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Londres. Pelo menos 12 mortos e 74 feridos em incêndio num prédio de 24 andares

14 jun, 2017 - 06:18

Três famílias portuguesas residiam no edifício. Os alarmes não tocaram e os bombeiros falam em “incidente sem precedentes”. Mais de 50 pessoas foram levadas para o hospital.

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“Parecia algo saído de um filme de terror”. Testemunhas descrevem incêndio em prédio habitacional
“Parecia algo saído de um filme de terror”. Testemunhas descrevem incêndio em prédio habitacional

A Torre Grenfell, um edifício de 24 andares e 120 apartamentos em Londres, está em chamas desde o início da madrugada desta quarta-feira. Há, pelo menos, 12 mortos, mas a polícia acredita que o número ainda venha a aumentar.

Segundo o serviço de ambulâncias da cidade, há registo de 74 feridos, 20 dos quais em estado grave.

A maioria dos feridos (64) foi transportada de ambulância para seis hospitais da cidade e 10 pessoas procuraram assistência médica pelos seus próprios meios.

Londres. Prédio de 27 andares em chamas
As primeiras imagens

“É provável que este número vá aumentar durante as complexas operações de busca que se irão prolongar por alguns dias. Muitas outras pessoas estão a receber assistência médica”, disse o comandante Stuart Cundy, da Polícia Metropolitana de Londres.

Três famílias de portugueses residiam no prédio e já foram contactadas pelo consulado, diz a cônsul-geral de Portugal na capital britânica à agência Lusa. Duas crianças estão internadas, mas fora de perigo.

Segundo Joana Gaspar, há ainda dois outros portugueses que também viviam no prédio e que se encontram bem.

Cenário dantesco

O fogo começou no segundo andar e tomou toda a torre. O cenário é descrito como dantesco e não se sabe se ainda há pessoas no interior, retidas.

Ruks Mamadou está num centro de evacuação em Kensington e residia no edifício. Esta manhã, à Sky News, admitia ser “bem possível que haja pessoas ainda retidas no edifício, porque quando nós saímos, as escadas estavam já cheias de fumo”.

“Se não conseguiram ir até aos elevadores e se não há sítio por onde fugirem, claro que estão mortos”, acrescentou.

Nos andares mais cimeiros, ouvem-se pessoas a gritar e há relatos de quem se tenha atirado das janelas. Uma mãe atirou o filho pela janela, na esperança de o conseguir salvar das chamas, e conseguiu que ele fosse salvo. Também se ouviram vidros a partir e algumas explosões.

O fogo deflagrou à 1h15 e, segundo afirmou uma testemunha à Sky News, os alarmes de incêndio da torre só dispararam meia hora depois de o fogo ter começado. Este morador do edifício acrescenta que foi um vizinho que lhe bateu à porta para o alertar para o que estava a acontecer.

O mesmo descreve uma outra testemunha. “Não fui acordado por quaisquer alarmes. Se tocaram, foi muito baixinho. Eu estava na cama, quase a adormecer, quando me cheirou a plástico queimado. Levantei-me, percorri a casa, verifiquei as tomadas, estava tudo bem. Fui à cozinha para fumar um cigarro, abri a janela e ouvi uma mulher gritar que estava a ficar cada vez maior. Sai para o corredor, procurei a boca-de-incêndio, mas estava tudo cheio de fumo. Abri a porta de acesso às escadas e estavam lá alguns vizinhos. Pessoas a gritar, bombeiros a gritar para que nos deitássemos no chão. Tenho uma menina, peguei nela e na minha namorada, saímos de casa como estávamos – eu de 'boxers' e elas de camisa de dormir. Alguém me deu estas roupas que tenho vestidas. E foi isto. Estamos aqui”.

A polícia indica que várias pessoas receberam tratamento por inalação de fumos e mais de 70 pessoas foram levadas para seis hospitais da capital britânica.

Muitas pessoas, vizinhas do edifício em chamas, estão a ajudar quem saiu de casa apenas com a roupa no corpo. A Igreja de St. Clement e St. James, próxima do local, abriu as portas para acolher os desalojados. No terreno está também a Cruz Vermelha.

Na rua, uma adolescente de 17 anos procura a família. A polícia londrina emitiu, entretanto, um comunicado a pedir que todos quantos queiram informações sobre as pessoas que residem ou trabalham no edifício contactem o “Casualty Bureau” (0800 0961 233 ou 0207 158 0197).

A Metropolitan Police adianta que a estrada A40 está fechada em todas as direcções e agradece a paciência e a colaboração de todos na resolução desta tragédia.

Moradores preocupados em 2014

Desconhece-se ainda as causas do incêndio. A Torre Grenfell, situada numa zona próxima de Notting Hill, foi recentemente remodelada, tendo sido substituídas as condutas de gás, e havia alguma apreensão em relação aos acessos restritos para veículos de emergência.

Em Agosto de 2014, a associação de residentes Grenfell Action Group já mostrava preocupações em relação ao risco de incêndio no prédio depois das obras de melhoramento.

Num e-mail que a associação fez chegar aos bombeiros londrinos falava-se no risco do edifício se tornar um edifício sem as condições necessárias para ser evacuado em caso de incêndio. Já em 2016, no mesmo blogue, o grupo voltava a denunciar a falta de condições de segurança e acusava a administração do edifício de ser uma “minimáfia”.

Também Mike Penning, deputado do Partido Conservador, antigo bombeiro e antigo ministro dos Bombeiros, admite que há razões para investigar este incêndio. Penning disse à BBC que o Reino Unido nunca viu um incêndio assim e que têm de ser colocadas questões relativamente à segurança do revestimento da fachada.
“O revestimento estava claramente a espalhar o fogo”, afirmou.

A primeira-ministra, Theresa May, já emitiu um comunicado sobre a tragédia desta quarta-feira. May convocou uma reunião de emergência do Governo para analisar o caso. No comunicado lamenta ainda a perda de vidas neste incêndio.

Por causa deste incidente, foram adiadas as negociações com o Partido Unionista da Irlanda do Norte, tendo em vista uma coligação que permita formar governo, após as eleições de 8 de Junho.

[Notícia actualizada às 13h10]

Comentários
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  • F. Afonso
    14 jun, 2017 Amadora 23:01
    Esta a arder a quase 24 horas e não caiu! As gémeas caíram em menos de uma hora!. Definitivamente os americanos não sabem construir prédios!
  • jakim
    14 jun, 2017 borba 20:43
    uk no seu best!
  • J.Silva
    14 jun, 2017 F. da Foz 20:19
    Curioso, o prédio não entrou em colapso como aconteceu nas torres gémeas em Nova Iorque!!!!
  • Portuga
    14 jun, 2017 Portulândia 19:55
    Correção necessária porque o dedo errou a tecla a pressionar. é Motalib e não como está escrito. : "Leia-se, estude-se, a biografia de Muhamad-ibn-Abdalag-ibn-Motalig"
  • Zé das Coves
    14 jun, 2017 Alverca 18:09
    Sr João Ferreira é só palpites, não sabe , não diga nada ! qualquer veiculo tem inspeções periódicas, os edifícios não têm porquê ?
  • Mario Rodrigues
    14 jun, 2017 Olhão 18:08
    Poderá ter sido uma tinta aplicada no exterior muito inflamável ! Mas também alguém de madrugada bastaria escorrer umas centenas de litros de combustível pelo imóvel abaixo, puxar o fogo e descer pelas escadas! Isto a haver mão criminosa! Mas um imóvel arder assim tão rápido não é muito normal! Claro que só uma boa investigação o poderá concluir ou não! Lamento pelas vítimas e pêsamos !
  • Nuno
    14 jun, 2017 Porto 17:06
    Então a torre não caiu porquê...??
  • João Ferreira
    14 jun, 2017 Gulpilhares 16:57
    O problema neste caso chama-se ETICS. O isolamento térmico pelo exterior, incendiado por uma fonte ainda desconhecida, provocou um incendio de fachada de grandes dimensões que alastrou descontroladamente devido ao esferovite utilizado para o efeito. Em prédios como este é fundamental que os materiais e as técnicas de construção respeitem a legislação existente para prevenir incêndios em edifícios. Neste caso obviamente isso não aconteceu e como tal quem autorizou, executou e fiscalizou a obra deve ser chamado à responsabilidade. Tendo em conta a quantidade de esferovite que tem sido aplicado em obras portuguesas e pouca fiscalização que existe, é muito provável que uma tragédia destas possa acontecer também por cá. Outra coisa totalmente diferente é a causa do incendio que obviamente terá que ser apurada pelas entidades competentes. Segundo primeiros relatos da comunicação social britânica poderá ter sido um frigorifico a fonte inicial do incendio.
  • João Silva
    14 jun, 2017 estoril 15:32
    Como facilmente está à vista, o Building code falha!!! Tantos travões me colocaram por não ter experiência em UK, nunca me deixaram trabalhar nesta área da construção! Coitados dos residentes que são "enganados" com chavões de que os edifícios são construídos segundo as mais rigorosas regras de boa construção. Como é possível acontecer um inferno destes em pleno século XXI? Será que ninguém aprende? Tristeza...
  • Elsa
    14 jun, 2017 Braga 14:08
    Qual daesh... quem fez a remodelacão malfeita é que tem a culpa. Estas coisas acontecem, nem tudo tem de ser terrorismo. Agora, achar que o edificio pode ruir é ridiculo. Isso apenas acontece durante a palhacada do 11 de Setembro, onde até edificios que não foram atingidos ruiram…. A comunicacão social continua a vender a banha da cobra.

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