29 jun, 2017 - 13:37
As forças armadas do Iraque anunciaram esta quinta-feira a libertação da Grande Mesquita de Al-Nuri, no centro histórico da cidade de Mossul, marcando o fim simbólico das pretensões territoriais do autoproclamado Estado Islâmico.
O grupo terrorista, que se tornou mundialmente conhecido com a ocupação de Mossul no Verão de 2014, está agora confinado a alguns bairros do centro histórico e o Iraque pretende anunciar a sua derrota definitiva naquela região durante os próximos dias.
Foi em Junho de 2014 que o grupo, então conhecido como Estado Islâmico do Iraque e do Levante, destroçou as forças do regime iraquiano em Mossul, a segunda maior cidade do país, massacrando milhares de soldados, perseguindo, matando e expulsando membros de minorias religiosas e impondo uma interpretação extremista da lei islâmica.
Nesse mesmo mês o líder do grupo, Abu Bakr al-Baghdadi fez um sermão na mesquita de Al-Nuri em que se autoproclamou califa, ou líder territorial, de um Estado Islâmico. No seu auge o grupo chegou a ocupar um terço do Iraque e um terço da Síria.
Nas últimas semanas, já cercadas pelas forças iraquianas e remetidas ao centro histórico, as forças leais ao Estado Islâmico explodiram com o edifício da mesquita, para evitar que caísse nas mãos dos seus inimigos.
O primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, confirmou o avanço desta quinta-feira nos combates contra o Estado Islâmico em Mossul e disse que deu “instruções para levar a batalha a uma rápida conclusão”.
A principal limitação para as forças iraquianas tem sido a presença de milhares de civis ainda em território dominado pelos terroristas. Os civis que tentavam abandonar os bairros eram mortos pelos jihadistas, mas, ainda assim, centenas de milhares conseguiram escapar nas últimas semanas.
A questão que preocupa os iraquianos e a comunidade internacional agora, com Mossul praticamente libertada, passa para o Curdistão iraquiano. Os curdos foram os únicos que conseguiram fazer frente ao Estado Islâmico no terreno, no início dos confrontos, e ao longo dos últimos três anos, à medida que iam obrigando os terroristas a recuar, os soldados curdos foram ocupando território que é reivindicado por minorias étnicas e religiosas e pelo Governo central em Bagdad.
Os curdos já anunciaram que vão fazer um referendo para assegurar a independência do seu território, mas Bagdad não aceita que um novo estado inclua território disputado e há o risco de eclosão de uma nova guerra agora que o Estado Islâmico parece estar derrotado, que oponha curdos a árabes e seja combatido precisamente nas áreas onde vivem as minorias religiosas como os yazidis e os cristãos, na Planície de Nínive.