12 jul, 2017 - 19:31
Se olharmos para o globo terrestre, na base encontramos a Antárctida. O continente gelado, com uma área superior à da Europa, tem uma forma arredondada e uma península que se estende em direcção à América do Sul. Esta é uma zona formada por uma longa plataforma de gelo – a plataforma Larsen. Um icebergue com uma área superior à do Algarve soltou-se esta semana dessa plataforma. A sua separação significa a redução em 12% da área da região a que estava associado.
O acontecimento não foi uma novidade para os cientistas. Uma fissura de mais de 200 quilómetros estava a ser acompanhada por uma equipa desde o início do ano, através dos satélites da Agência Espacial Europeia.
Esta quarta-feira, os cientistas confirmaram a separação do icebergue, com recurso a imagens da NASA.
“É difícil de prever" as consequências da quebra do icebergue, disse, citado pela Reuters, Adrian Luckman, professor na Universidade de Swansea, no Reino Unido, e investigador do Projecto MIDAS, que monitoriza as alterações na região.
O investigador acrescentou que o icebergue “se pode manter unido, mas é mais provável que se desfaça em vários fragmentos”. O gelo pode depois dirigir-se para norte, em direcção a águas mais quentes.
A flutuação livre deste icebergue aumenta os riscos de navegação para as embarcações. Embora a zona do globo onde esta plataforma se encontra esteja fora das rotas comerciais, esta é uma região onde circulam os navios de cruzeiro de visita à América do Sul.
Uma vez que a massa de gelo já se encontrava a flutuar no oceano, não houve um impacto imediato no nível das águas do mar. No entanto, se a plataforma-mãe continuar a colapsar, o nível das águas do mar irá subir certamente, comenta David Vaughan, director do British Antarctic Survey, um gabinete de estudos britânico.
Isso foi o que aconteceu em 1995 e em 2002, quando outras duas plataformas de gelo nesta mesma península colapsaram.
Quanto ao futuro, Adrian Luckman diz que a comunidade está dividida: “a plataforma de gelo tanto pode voltar a crescer como sofrer outras quebras”. Os modelos científicos falam numa menor estabilidade, “mas qualquer colapso futuro demorará anos ou décadas a acontecer”, acrescenta o investigador.