07 set, 2017 - 17:00
Ainda é cedo para dizer que a formação de três furacões em simultâneo no Atlântico resulta das alterações climáticas, mas, à Renascença, o meteorologista Manuel Costa Alves considera que algo de muito anormal se está a passar.
O “Irma” avança pelo Atlântico a uma velocidade média de 26 quilómetros por hora em simultâneo com outros dois furacões, o “Katia” e o “José” progridem para a América Central.
Manuel Costa Alves fala numa rara conjugação de eventos, potenciado pela temperatura anormalmente quente da água do mar.
“Num ano normal de actividade ciclo-genética no Atlântico raramente se verifica uma situação de um outro ciclone tropical acompanhar a trajectória do primeiro. Ainda não estamos em condições de dizer que são consequências do aquecimento global, mas cada vez mais temos sinais de anomalias - quentes - da temperatura da água do mar em zonas atlânticas inesperadas e, nas zonas propícias ao desenvolvimento de ciclones tropicais, temos indicações de que têm maior durabilidade as zonas de águas mais quentes que alimentam a formação destes turbilhões.”
O “Irma, um furacão de nível máximo na escala Saffir-Simpson, dirige-se agora para a República Dominicana, depois de ter espalhado a destruição em várias ilhas das Caraíbas e feito pelo menos uma dezena de mortos.
O furacão mantém grau 5 de intensidade há vários dias e é o mais forte alguma vez registado na bacia do Atlântico.
O meteorologista Manuel Costa Alves explica que o “Irma” está a obter energia na sua progressão através de “águas muito quentes do Atlântico”.
“São anomalias quentes naquela zona que permitem a realimentação contínua do turbilhão ciclónico na sua evolução durante tanto tempo”, sublinha.
“Este grau 5 é, realmente, uma situação anómala. Nos últimos anos, temos verificado que se constituem situações anómalas deste tipo até em latitudes diferentes daquelas em que normalmente os ciclones evoluem”, explica o meteorologista Manuel Costa Alves.