13 set, 2017 - 09:01
Já chegaram a Portugal os primeiros portugueses que foram retirados das Caraíbas, depois da passagem do furacão “Irma”. Seis adultos e seis crianças chegaram ao Porto, depois de viajarem num avião francês até Paris.
Para trás ainda estão algumas dezenas de portugueses que contam as horas para voltar. É o caso de Conceição Pereira. Esta portuguesa estava na ilha de São Bartolomeu quando assistiu à fúria do furacão. Agora está em Guadalupe, à espera do C-130 que a vá buscar, bem como ao marido.
“Tudo à volta é horrível olhar, há casas sem tecto, há àrvores sem vegetação nenhuma, tudo destruído, carros virados, carros partidos. Sai-se da porta e é um horror”, descreve à Renascença, visivelmente incomodada com o que viu.
Assim que pode, deixou a ilha de São Bartolomeu.
“Tínhamos bilhete marcado para o dia 8, tivemos um dia inteiro no aeroporto, mas conseguimos embarcar no domingo para Guadalupe”, descreve.
O mais difícil é agora conseguir sair de Guadalupe.
“Há muita gente, nós vamos dando a nossa vez a outras pessoas mais necessitadas. No aeroporto é sempre dada prioridade às crianças e às pessoas. Ficamos horas e horas e dias de pé…”, lamenta. Conceição queixa-se, por exemplo, da falta de informação.
“Mandam-nos esperar e cada vez metem pessoas à frente e ficamos para trás. As agências não dão informação nenhuma, ajuda nenhuma, apoio nenhum.”
Foi então que Conceição pediu ajuda às autoridades portuguesas.
“Liguei para o consulado, dei o meu nome, dei o meu número de passaporte e ele disse que em principio amanhã vinha um avião buscar os portugueses. Nós estamos confiantes que sim. Está previsto partir ao meio-dia”, diz.
Até lá, têm estado num hotel, suportando todos os custos com alojamento e refeições, alimentando a esperança de ver chegar a hora de partir.
“Só quando chegar ali, vir o avião, entrar e arrancar daqui… Até lá, a esperança é mínima”, desabafa.
Arregaçar as mangas e trabalhar
Uma visão oposta descreve Ricardo. Este português, que há 15 anos está emigrado na ilha de São Bartolomeu garante que “isto não é um caos total como toda a gente pensa”.
“Claro a ilha sofreu bastante”, reconhece, “mas pouco a pouco a gente vai pôr isto em ordem.”
“Já começámos a limpar as estradas, já começa a haver luz, já começa a haver água, está tudo a entrar em ordem, já. Há sítios onde já temos telefone…A pouco e pouco isto vai tudo voltar ao normal”, diz com esperança.
Ricardo admite que o dia da passagem do furacão foi assustador. “No dia meteu medo, ventos à velocidade que passaram, qualquer um tem medo… Carros que voavam como se fossem folhas de papel, telhados de casas a voar”, descreve.
Ainda assim, o medo parece não afugentar a comunidade portuguesa.
“Há muitos portugueses aqui, há empresas de portugueses aqui e todos os que estão cá vão ficar, estamos todos a trabalhar para ajudar a pôr isto em ordem”, garante, acrescentando que até houve quem fizesse a viagem ao contrário.
“Há portugueses que em vez de irem embora vieram para cá ajudar a limpar, estavam de férias e vieram para voltar a pôr a ilha como estava antes. Claro demora muito tempo porque há muita coisa a fazer, muitas árvores a cortar, tudo… mas pouco a pouco isto vai ficar como era dantes”, diz esperançado.