20 set, 2017 - 23:53
Milhares de pessoas saíram às ruas em Barcelona em defesa do referendo pró-independência da Catalunha, Espanha, e em protesto contra a detenção de 14 pessoas alegadamente envolvidas na preparação do processo da consulta popular.
De acordo com a agência Associated Press, houve registo de protestos também noutras cidades da Catalunha e em Madrid, mas a maior concentração ocorreu esta noite em Barcelona junto de vários ministérios do governo catalão (Generalita), nomeadamente da Economia.
Cerca das 22h00, os habitantes de Barcelona fizeram ainda um protesto sonoro com tachos e panelas também contra as detenções de hoje, noticiou a agência Efe.
A operação da polícia espanhola incluiu a revista de uma série de edifícios do Governo regional, a detenção de 14 pessoas e a apreensão de cerca de 10 milhões de boletins de voto, destinados ao referendo marcado para 1 de Outubro.
O presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, acusou Madrid de atuar com uma "atitude totalitária" e assegurou que irá manter os preparativos do referendo de autodeterminação.
Por seu lado, o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, justificou a ação da polícia com a aplicação das leis e o Estado de direito.
Estes acontecimentos são o último episódio da tensão crescente entre Madrid e os separatistas da Catalunha.
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu no início do mês, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo Parlamento e pelo Governo da Catalunha que davam cobertura legal ao referendo de autodeterminação convocado para 1 de Outubro próximo.
Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.
Os independentistas defendem que cabe apenas aos catalães a decisão sobre a permanência da região em Espanha, enquanto Madrid se apoia na Constituição do país para insistir que a decisão sobre uma eventual divisão do país tem de ser tomada pela totalidade dos espanhóis.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com um PIB superior ao de Portugal, com cerca de 7,5 milhões de habitantes e uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.