01 out, 2017 - 15:18
A Procuradoria-Geral de Espanha vai agir contra os Mossos d'Esquadra por entender que a polícia regional da Catalunha agiu como uma "polícia política" e não cumpriu a ordem de fechar várias assembleias de voto no referendo catalão deste domingo.
Fontes da Procuradoria-Geral do Estado espanhol citadas pelo jornal “El País” manifestaram o seu "mal-estar" quanto à actuação dos agentes da polícia autonómica por "terem atraiçoado a confiança que os juízes e os procuradores depositaram neles até ao último momento".
Desde sexta-feira que várias escolas – designadas pelo governo regional como assembleias de voto do referendo de hoje – estavam ocupadas por pais, alunos e residentes na Catalunha, para garantir que os locais não eram fechados pelas autoridades.
Os Mossos d'Esquadra (polícia catalã) fecharam dezenas de colégios eleitorais em toda a região, mas em alguns locais limitaram-se a registar a concentração popular e saído sob aplausos da população.
Face à inacção da polícia regional, foram chamadas a Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola e foram estes corpos de polícia de âmbito nacional que então protagonizaram os maiores momentos de tensão para tentar impedir o referendo.
A Guardia Civil e a Polícia Nacional realizaram várias cargas e desalojaram pessoas que ocupavam locais de votação, tendo mesmo ocupado o pavilhão desportivo da escola em Girona, onde deveria votar o líder da Generalitat, Carles Puigdemont.
O presidente catalão acabaria por votar noutro local.
Além destas situações, houve ainda confrontos noutros locais, nomeadamente na sala de exposições de Sant Carles de la Ràpita (Terragona) e na Escola Rius i Taule (Barcelona), segundo relatos de repórteres das agências noticiosas internacionais.
O Sistema de Emergências Médicas (SEM) do governo catalão indicou que atendeu já 38 feridos na sequência da ação da Polícia Nacional e da Guardia Civil para impedir o referendo, a maioria por tonturas, ansiedade ou contusões.
De acordo com a agência espanhola EFE, a decisão da Procuradoria não vai ser tomada senão no final do dia.
A ordem dada aos Mossos d'Esquadra partiu especificamente do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC).