01 out, 2017 - 14:41
Veja também:
Vários cravos foram distribuídos este domingo em várias assembleias de voto na Catalunha para simbolizar a "liberdade pretendida", à semelhança da conquistada pelos portugueses em 25 de Abril de 1974.
"Queremos ser como os portugueses e alcançar a nossa liberdade. Estamos fartos dos espanhóis a sacar o que é nosso", disse à agência Lusa Eulàlia Vilalta antes de se dirigir à mesa onde iria votar.
Outro catalão, Ricard Coll, diz que a região quer “ser independente de Espanha, que nunca respeitou a nossa língua e cultura e continua a reprimir-nos, como no tempo do Franco”.
Na fila compacta de algumas dezenas de metros que se formava do lado de fora da assembleia de voto eram várias as pessoas que empunhavam os cravos de todas as cores que estavam a ser distribuídos.
Noutro local de votação, em Barcelona, outras pessoas também tinham cravos e recordavam a “Revolução” portuguesa de há mais de 40 anos.
Um deles, Henrique Brunet, não tinha mesmo dúvida de que foi uma das revoluções "mais bonitas" que aconteceu na Península Ibérica.
O voto a favor da independência da Catalunha deverá sair vitorioso na consulta pública que decorre, apesar da repressão policial.
A votação começou às 9h00 (8h00 de Lisboa) com centenas de pessoas a formarem filas ordenadas junto às assembleias de voto desde as 5h00 (4h00).
A polícia catalã (Mossos d’Esquadra) não apareceu em muitos locais e quando apareceu limitou-se a verificar a situação, sem entrar dentro das assembleias de voto.
Em muitas das escolas que serviram como assembleias de voto houve dezenas de pessoas a dormir desde sexta-feira e atividades lúdicas com os estudantes organizadas no sábado para impedir as forças de ordem de selarem os locais.
Mas nem todos concordam com o referendo à independência. "Não estou de acordo com o referendo, nem com a forma como foi convocado", disse à Lusa Antoni Perez numa rua de Barcelona, considerando que "os separatistas estão a manipular as pessoas" e "irão apresentar a consulta como uma grande vitória, mas foram os únicos a votar".
“As duas partes deviam ter dialogado mais para tentar chegar a um acordo”, defende Ana Concha.
Mais de 300 pessoas ficaram feridas nos confrontos desta manhã com a polícia nacional. O presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, criticou o "uso injustificado, irracional e irresponsável da violência por parte do Estado espanhol", que o "envergonhará para sempre".
No final da amanhã, o representante do Governo espanhol na Catalunha pediu às autoridades independentistas que pusessem fim à “farsa” do referendo.
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu, no início de Setembro, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo Parlamento e pelo governo da Catalunha que davam cobertura legal ao referendo de autodeterminação.
Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde Setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.