02 out, 2017 - 02:20
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No final de um dia marcado pela tensão e pela violência, o “sim” ganhou de forma expressiva na Catalunha. Madrid continua a considerar o referendo deste domingo sem efeito, mas o Presidente da Catalunha já anunciou a vontade de levar para a frente a declaração unilateral de independência.
O Governo da Catalunha publicou ao final da noite de domingo os resultados do referendo. O “sim” ganhou com 90% dos votos, depois de contados quase 2,3 milhões de votos.
Momentos antes, o Presidente da Catalunha tinha anunciado que o Parlamento iria fazer cumprir a decisão do povo.
“Os cidadãos da Catalunha ganharam o direito a um Estado independente”, declarou Carles Puidgemont.
O Presidente do Governo regional abriu, assim, as portas para a declaração unilateral de independência.
Já Mariano Rajoy reafirmou a inconstitucionalidade da consulta popular, considerando que se tratou de uma “irresponsável estratégia política”.
O presidente do Governo espanhol chegou a afirmar: “Não houve um referendo de autodeterminação na Catalunha”.
O governante anunciou que vai convocar todos os partidos políticos com assento parlamentar para um encontro de reflexão sobre o futuro do país.
Um dia marcado pela violência
Quando às 8h00 abriram as urnas na Catalunha, o clima já era de tensão. O nível dos confrontos entre governantes, civis e polícia vinha a aumentar desde o dia 6 de Setembro, quando o Governo catalão aprovou o referendo.
Ao longo do dia de domingo, a Polícia Nacional e a Guardia Civil envolveram-se em várias situações de violência contra aqueles que se preparavam para votar.
Com o objectivo de impedir a votação, os agentes policiais afastaram à força os eleitores, invadiram escolas e fecharam mesas de voto.
A carga policial fez mais de 800 feridos, incluindo cidadãos atingidos pelas balas de borracha disparadas pela polícia.
A polícia catalã, os Mossos d’Esquadra, foi acusada de ter tido um papel pouco interventivo, limitando-se nalguns casos a observar a multidão.
Embora a violência tenha marcado o dia, houve locais, em Barcelona e noutras cidades catalãs, onde a votação aconteceu de forma pacífica, sem intervenção policial.
Dominó de reacções políticas
O secretário-geral do Partido Socialista espanhol (PSOE) falou ao país logo depois de Mariano Rajoy. Pedro Sánchez dirigiu duras críticas aos governantes em Madrid e na Catalunha.
A situação de violência que se viveu este domingo na Catalunha é, para o líder da oposição, o “epílogo” de uma má gestão da situação por parte de Rajoy e Puidgemont.
Sánchez apelou à negociação e ao regresso “à responsabilidade”.
Mais tarde, Pablo Iglesias, líder do Podemos, e Ada Colau, presidente da Câmara de Barcelona, pediram a demissão do primeiro-ministro espanhol.
Iglesias desafiou ainda o PSOE a deixar cair o apoio ao Governo de Madrid e a participar numa moção de censura.
A plataforma “Taula per la Democràcia”, que reúne um grupo de sindicatos na região, apelou à realização de uma greve geral para dia 3 de Outubro.
A convocatória surgiu depois de uma reunião dos sindicatos com o vice-presidente do Governo catalão.
O Governo catalão reúne esta segunda-feira de manhã, de forma extraordinária, anunciou o “El País”.