03 out, 2017 - 07:39
Decorre esta terça-feira uma greve geral na Catalunha em protesto contra a interferência do Estado espanhol no referendo de domingo e a "violência policial desproporcionada" utilizada.
O protesto foi convocado por cerca de 40 organizações sindicais, políticas e sociais da região e deverá reunir pessoas de todos os sectores da sociedade, desde organizações patronais, a empresários, sindicatos, trabalhadores, instituições e cidadãos.
Entre os organizadores estão as duas maiores centrais sindicais da Catalunha (CCOO e UGT), que já sublinharam não se tratar de uma convocatória para uma greve geral, dado que não tem por detrás um conflito laboral.
Os sindicatos esclareceram ainda que "em nenhum caso apoiarão posições que dêem cobertura a uma declaração unilateral de independência", porque preferem apostar na "via da negociação política e institucional para solucionar o conflito político que existe na Catalunha".
Por essa razão, instaram também o Governo de Espanha "a abrir um cenário de diálogo e uma proposta com conteúdos".
O sindicato CSIF, o mais representativo da administração pública, indicou por seu lado que, embora lamente "os acontecimentos violentos" de 1 de outubro, não participará na paralisação de hoje.
A iniciativa desta terça-feira circunscreve-se apenas ao dia de hoje, ao contrário da greve geral convocada por outra central sindical, a CGT, e três sindicatos minoritários, que se estende até 13 de Outubro.
Sociedade unida contra a violência
Os deputados e senadores dos partidos independentistas ERC e PDeCAT vão juntar-se esta terça-feira à paralisação na Catalunha e não irão às reuniões parlamentares previstas no Congresso e no Senado.
Também os clubes de futebol FC Barcelona, Espanyol e El Girona anunciaram que se associam à paralisação de protesto.
A carga policial a que se assistiu no domingo decorreu do facto de a justiça espanhola considerar ilegal o referendo pela independência convocado pelo governo regional catalão e ter dado ordem para que os Mossos d'Esquadra, a polícia regional, selassem os locais onde se previa a instalação de assembleias de voto.
Perante a inação da polícia catalã em alguns locais, foram chamadas a Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola, polícias de âmbito nacional que protagonizaram os maiores momentos de tensão para tentar impedir o referendo, realizando cargas policiais sobre os eleitores e forçando a entrada em várias assembleias de voto ocupadas de véspera por pais, alunos e residentes, para garantir que os locais permaneceriam abertos.
A violência policial fez 893 feridos. Ainda assim, 42% dos 5,3 milhões de eleitores conseguiram votar, 90% deles a favor da independência, segundo o governo regional da Catalunha (Generalitat).