04 out, 2017 - 15:40 • António de Souza-Cardoso, presidente da Causa Real
Hoje apetecia-me tanto falar das eleições Autárquicas ou da efervescência política que se vive no PSD perante os seus resultados. Mas assino este artigo na única qualidade de Presidente da Causa Real. E, por isso, na força singela da frase “a César o que é de César”, reconheço que as questões ligadas aos partidos e à governação nacional ou regional, dizem respeito, exclusivamente a eles próprios.
A Causa Real, com militantes em todos os partidos, preocupar-se-á sempre em afirmar as virtudes da instituição Real e a forma como qualificam e melhoram as claras insuficiências que nos nossos dias, transpiram dos modelos sociais e económicos em que assentam as democracias ocidentais, em particular num mundo que é ou está, crescentemente globalizado.
Não posso, por isso, ter estados de alma sobre qualquer coisa que ultrapasse os limites e a natureza do mandato para que fui eleito.
E é este mesmo entendimento que devem ter os Chefes de Estado, vinculados que estão aos limites das suas obrigações e responsabilidades constitucionais.
Nos regimes parlamentares e semi-presidencialistas da maioria dos Países Europeus, ao Chefe de Estado exige-se independência na regulação dos poderes dos diferentes órgãos de soberania; garantia da coesão, identidade e independência nacionais; presença como referencial de representação externa da Nação e do Estado. Estes três pilares de intervenção, exigem ainda probidade, reserva, temperança e bom senso, para que nada do que não é de César seja chamado a César.
Em tese, os três pilares supra referidos serão sempre melhor assegurados por um Rei, que é independente porque não emerge de nenhum partido - quem pode ser árbitro no jogo em que intervém a equipa que se treinou ou onde se jogou no momento anterior? -, que é o genuíno garante da coesão e da identidade nacional, porque é de todos e não passa a ser de todos depois de o cargo lhe ter sido dado por uma facção sempre minoritária que o apoiou; e que encarna pela representação histórica e cultural que lhe é inerente, a estabilidade, continuidade e perenidade da nação o que lhe confere uma notoriedade não desprezável nem ao nível do marketing politico internacional nem da permanente negociação exigida pela globalização. Quem conhece por exemplo o Presidente de Itália ou da Alemanha?
Dito isto passemos para o Rei de Espanha e observemos o espaço que deu, no estrito respeito da Constituição para que o sistema político-partidário e os Governos nacional e regional que deles emergem chegassem a um entendimento. Não foi possível! E pior do que não ter sido possível pôs em “carne viva” aquilo que de pior existe nos partidos, nas facções e organizações político partidárias: O oportunismo que manipula, o arrivismo que se favorece, a profissionalização da politica que a diminui, a promiscuidade com o poder económico que a condena, a ausência total de ética e de responsabilidade no exercício de funções públicas.
Filipe VI interveio, no momento certo. Depois de esgotadas as alternativas constitucionais, depois de ameaçada e a coesão e a independência nacional. Contra um líder oportunista que fez um referendo ilegal, minoritário e auto-regulado. Houve pueblos em Girona que têm 470 habitantes e que em que o “Sim” proclama a vitória com 1002 votos??!!
Em cima desta vergonha o Rei falou do País. Da inclusão, de todos Catalães e de todos os Espanhóis que ele efectivamente representa - com a mesma responsabilidade e coragem com que deu a cara no vergonhoso atentado terrorista de que os catalães foram vitimas ainda há poucas semanas.
O Rei é a última esperança da Catalunha e do Reino das Espanhas enquanto Estado de Direito Democrático e Livre!