08 out, 2017 - 12:01
Milhares de pessoas marcam presença nas ruas de Barcelona para protestar contra a indepedência da Catalunha.
A manifestação, com início marcado para as 11h00 de Lisboa, conta com a presença do prémio Nobel da Literatura Mario Vargas Llosa, de nacionalidades peruana e espanhola, que já classificou o independentismo catalão como “uma doença” que poderia transformar a região “numa nova Bósnia”.
As tensões entre Madrid e Barcelona mergulharam a Espanha na sua mais grave crise política desde o regresso à democracia, em 1977.
A crise está a dividir a Catalunha, onde vivem 16% dos espanhóis e onde, segundo as sondagens, metade da população não é independentista.
Madrid afasta, por seu lado, qualquer hipótese de mediação, argumentando o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, que “para dialogar, é preciso agir dentro da legalidade”.
A justiça espanhola considerou ilegal o referendo pela independência convocado para 1 de Outubro pelo governo regional catalão e deu ordem para que os Mossos d’Esquadra, a polícia regional, selassem os locais onde se previa a instalação de assembleias de voto.
Perante a inacção da polícia catalã em alguns locais, foram chamadas a Guardia Civil e a Polícia Nacional espanhola, polícias de âmbito nacional que protagonizaram os maiores momentos de tensão para tentar impedir o referendo, realizando cargas policiais sobre os eleitores e forçando a entrada em várias assembleias de voto ocupadas de véspera por pais, alunos e residentes, para garantir que permaneceriam abertas.
A violência policial fez 893 feridos mas, apesar da repressão, 43,03% dos 5,3 milhões de eleitores conseguiram votar (ou seja, 2,286 milhões), e 90,18% deles votaram a favor da independência (2,044 milhões), segundo o governo regional da Catalunha (Generalitat).
Uma vez proclamados os resultados oficiais do escrutínio — o que aconteceu na sexta-feira -, a chamada Lei do Referendo, que o parlamento catalão aprovou a 6 de Setembro e que foi suspensa pelo Tribunal Constitucional espanhol, estipula que a Declaração Unilateral de Independência (DUI) seja emitida num prazo de 48 horas.
Como o fim de semana não é contabilizado para esse efeito, o prazo estender-se-á até terça-feira, 10 de Outubro, tendo a Mesa do Parlamento Regional, que é o seu órgão dirigente, marcado para esse dia, às 16h00, uma comparência no plenário do presidente catalão, Carles Puigdemont.
No papel, a presença do dirigente catalão será apenas para “informar da situação política actual”, não havendo qualquer referência à Lei do Referendo suspensa pelo Constitucional, nem a uma eventual Declaração Unilateral de Independência.