09 out, 2017 - 19:06
Carles Puigdemont discursa na terça-feira no Parlamento catalão e todos esperam que faça a declaração unilateral de independência da Catalunha, mas as pressões vão-se somando para que não o faça.
Depois de França e Alemanha se terem juntado ao coro de países que se manifestou a favor da unidade espanhola, e de várias empresas terem tomado a decisão de se mudarem para da Catalunha devido à instabilidade, agora é a presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau, a pedir que não se declare a independência na terça-feira, por os resultados do referendo – cuja realização defendeu – não conferirem legitimidade para tal.
Ada Colau pede igualmente que o primeiro-ministro Rajoy não invoque o artigo 155 da Constituição para suspender a autonomia da Catalunha em retaliação e que ambas as partes voltem para a mesa do diálogo.
Na Catalunha a Renascença conversou esta segunda-feira com Raul Moreno, deputado do Partido Socialista no parlamento catalão, que acredita que neste momento Rajoy tem os trunfos na mão para acabar com as pretensões independentistas.
“Creio que Rajoy terá força para fazer um xeque-mate ao independentismo, entre outras coisas porque Puigdemont quer declarar a independência de forma unilateral, sem nenhum tipo de reconhecimento internacional e saltando todas as regras. A lei em que se baseia foi rejeitada pelo Tribunal Constitucional e por isso está suspensa”, afirma.
Moreno diz que Puigdemont “pode declarar independência mas não tem reconhecimento internacional por parte de nenhum país, não tem qualquer lei em que se baseie – tem a lei catalã mas está suspensa pelo Tribunal Constitucional – e no referendo de 1 de Outubro, só dois milhões de catalães disseram que querem a independência, 60% não foram votar, portanto, não tem apoio social.”
Moreno sabe que é possível que Rajoy invoque o artigo 155, mas espera, como Ada Colau, que impere o diálogo. “Pode aplicar o 155 e suspender algumas competências, alguma parte da Catalunha, pode aproveitar isso para convocar novas eleições, mas o que todos esperamos é que, no mínimo, antes que se faça essa declaração, alguém pense em utilizar o diálogo como método de solução para o problema que temos neste momento.”
Contudo, diz que isso será muito complicado, dado o estado actual da tensão entre as partes. “Parece que tanto Rajoy como Puigdemont esgotaram as possibilidades de diálogo, e esperamos que amanhã Puigdemont não declare a independência porque significará a morte do diálogo neste processo.”