11 out, 2017 - 15:50
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Mariano Rajoy insiste que não há diálogo possível com Carles Puigdemont enquanto este mantiver o discurso independentista e não deixar de invocar o referendo de 1 de Outubro que foi, no entender do primeiro-ministro, “uma farsa”.
Num discurso proferido no Parlamento esta quarta-feira à tarde, com a duração de cerca de 30 minutos, Rajoy agradeceu a oferta de ajuda de terceiros para mediar o conflito e disse que ele mesmo sempre defendeu o diálogo como forma de ultrapassar diferendos, mas insistiu que “não é possível aceitar, sob a aparência de diálogo, a imposição de pontos de vista que se sabem impossíveis de aceitar por uma das partes.”
“Agradeço a quem se ofereceu para mediar, na maioria dos casos com boas intenções. Mas não há mediação possível entre a lei democrática e a desobediência ou a ilegalidade”, afirmou.
Durante o seu discurso Rajoy fez questão de elencar as diversas razões pelas quais o referendo não tem enquadramento legal, desde irregularidades na aprovação do mesmo no parlamento regional até curiosidades como o facto de ter havido locais onde votaram mais pessoas do que aquelas que estavam recenseadas. Rajoy brincou até com o facto de Puigdemont ter anunciado a vitória “antes da contagem dos votos, se é que alguém pensou contá-los.”
“Não existe um país no mundo que tenha levado a sério o que vivemos no dia 1 de Outubro”, afirmou, acrescentando que não se tratou de um exercício de democracia, mas sim de uma “farsa” e de um atentado à democracia, pois esta “é inseparável do respeito pela constituição e pela lei. Democracia não pode ser exercida à margem das regras.”
Carles Puigdemont invocou os resultados do referendo, em que 90% dos participantes se pronunciaram a favor da independência, para fazer ontem uma declaração oficial de independência, que suspendeu logo de seguida, para dar espaço ao diálogo.
Esta manhã Rajoy já tinha pedido ao líder catalão para clarificar que se tinha declarado independência ou não e agora, com o discurso no Parlamento, deixa claro que não pretende dialogar com os independentistas catalães enquanto estes não abandonarem a actual postura.