28 out, 2017 - 01:42
O historiador José Pacheco Pereira considera que Madrid errou em não aceitar o referendo à independência catalã.
“O movimento independentista catalão é pacífico, parlamentar e democrático. Houve um erro enorme em não aceitar o referendo. Permitiam o referendo e depois os resultados ou davam origem a uma transição independentista ou então ganhavam os opositores da independência e o problema estava resolvido por si”, disse.
Ouvido pela Renascença, em Óbidos, à margem de uma conferência no âmbito do Festival Fólio, Pacheco Pereira considera que a Europa não agiu sempre da mesma forma perante movimentos independentistas.
“Sei que é difícil lidar com este tipo de reivindicação separatista, mas ainda há pouco tempo se aceitou que os escoceses no Reino Unido pudessem optar pela independência. A Europa conheceu vários países nos quais houve separações – umas mais amigáveis outras menos. Separou-se à força o Kosovo, que fazia parte da Sérvia. Portanto, não há um padrão de comportamento”, acrescenta.
Pacheco Pereira lamenta o que diz ser a falência da liberdade de expressão em Espanha.
“O independentismo catalão não matou pessoas, o nacionalismo castelhano matou muita gente. A história não é a mesma. A linguagem extrema do nacionalismo espanhol – muito radicalizada – vem directamente do Franco. É inaceitável. E esta situação em que parte significativa da comunicação social espanhola parece a FOX News nos Estados Unidos com o Trump, não há contraditório, há um comício permanente, horas e horas de comício, são inaceitáveis. É uma falência da liberdade de expressão, era fundamental que houvesse debate”, acrescenta.
O presidente do Governo espanhol anunciou a destituição do executivo da Catalunha. A decisão do Governo de Mariano Rajoy surge na sequência da aplicação do artigo 155.º da Constituição, que suspendeu a autonomia naquela região.
Rajoy diz que marcou eleições regionais "livres, limpas e legais" para 21 de Dezembro "para devolver a voz aos catalães”. “São as urnas, as de verdade, as que têm lei, controlos e garantias que podem gerar as bases da convivência”, acrescenta.