31 out, 2017 - 12:07
O presidente destituído da Catalunha aceita as eleições marcadas pelo Governo de Madrid para 21 de Dezembro. Em conferência de imprensa, em Bruxelas, Carles Puigdemont garante que não fugiu à justiça e que não procura asilo político.
"Podíamos ter optado por forçar os funcionários que nos são fieis a iniciar uma disputa pela hegemonia. Contudo, preferimos garantir que não haverá confrontação, que não haverá violência. A república de todos não pode ser construída num clima de violência. Se o estado espanhol pretende basear o seu projecto na violência, essa será a sua decisão. Mas não pode arrastar o movimento soberanista para um cenário que - independentemente de todas as diferentes visões - foi rejeitado de forma consistente por considerar que tudo deveria ser feito de forma democrática", defendeu Puigdemont em Bruxelas.
Perante uma sala cheia de jornalistas, Puigdemont revelou ainda que voltará à Catalunha assim que tiver garantias e que parte do governo catalão ficará na região, dando continuidade às actividades políticas.
“Parte do executivo deslocou-se a Bruxelas para tornar evidente o problema catalão no coração da Europa. Outra parte continuará na Catalunha, realizando a actividade política como membros legítimos”, afirmou Puigdemont falou em três línguas: catalão, espanhol e francês.
"Não estou aqui para pedir asilo político. Isto não é uma questão belga. Estou em Bruxelas porque é a capital da Europa. Não é uma questão interna da política belga. Não há qualquer relação. Estou aqui para agir com liberdade e segurança", justificou Puigdemont.
“Apoiaremos as diferentes iniciativas para evitar a aplicação do artigo 155º", informou ainda o presidente demitido da Catalunha, que anunciou ainda que tomará "as eleições como um repto democrático". "Os reptos democráticos não nos metem medo”, sublinhou.
A conferência de imprensa estava marcada para as 11h30 (hora de Lisboa) mas começou com mais de 20 minutos de atraso.
A declaração aconteceu na mesma altura em que o Tribunal Constitucional de Espanha suspendeu a declaração de independência feita pelo parlamento regional da Catalunha.
De acordo com as notícias avançadas pela imprensa espanhola, a suspensão da declaração de independência foi solicitada pelo Governo espanhol, que considera haver uma violação das resoluções anteriores do próprio Tribunal Constitucional, gerando " uma situação de perturbação extremamente grave da ordem constitucional".