02 nov, 2017 - 11:32
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A Procuradoria espanhola pediu esta quinta-feira um mandado de captura internacional para os líderes separatistas da Catalunha, incluindo Carles Puigdemont.
A justiça quer que um juiz mande deter preventivamente o ex-presidente da região autónoma, enquanto o este é investigado por sedição e rebelião, por ter avançado com um processo de declaração unilateral de independência da Catalunha.
Outras nove figuras do movimento independentista testemunharam esta quinta-feira no tribunal, tendo a procuradoria recomendado também a sua detenção preventiva.
Apenas uma das acusadas, que se demitiu antes da votação no Parlamento regional e advoga uma solução negociada com Madrid, escapou à recomendação de prisão preventiva, com a Procuradoria a recomendar que seja liberta sob fiança de 50 mil euros.
O processo contra Carles Puigdemont e outros líderes separatistas que estiveram directamente envolvidos no processo continua a decorrer apesar de aquele se encontrar ainda na Bélgica.
Questionado pela Reuters sobre o assunto, o advogado de Puigdemont afirmou que o seu cliente pretende colaborar com a justiça espanhola e belga, mas que não tenciona voltar para Espanha tão cedo, classificando o processo contra ele de político.
“O clima não é bom, é melhor guardar alguma distância”, terá dito o advogado.
Apesar de Puigdemont se manter em Bruxelas, decorre esta manhã uma manifestação diante da sede do governo regional, em Barcelona, com catalães adeptos da independência a cantar “Puigdemont é o nosso presidente”.
Na quarta-feira, Puigdemont emitiu um comunicado confirmando que permanecerá em Bruxelas, juntamente com alguns dos seus ex-conselheiros (ministros), de onde pretendem responder “de acordo com os mecanismos previstos pela União Europeia nestas situações”.
O parlamento regional da Catalunha aprovou na passada sexta-feira a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupava.
O executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou no sábado a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de Dezembro próximo e a destituição de todo o Governo catalão, entre outras medidas.
O processo independentista da Catalunha entrou num novo momento crítico na sequência da realização, a 1 de Outubro, de um referendo pela soberania na região, considerado ilegal pela justiça espanhola. Na consulta - organizada pelo governo regional e dirigido apenas aos catalães, o que contraria a Constituição - o "sim" ganhou com 90% dos votos, mas os resultados não foram certificados por entidades independentes.
A votação ficou marcada por cargas policiais da Guardia Civil e da Polícia Nacional espanhola, que visavam impedir o referendo, uma vez que a polícia regional catalã, os Mossos d'Esquadra, não cumpriram uma ordem nesse sentido do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha.
[Notícia actualizada às 11h54]