02 dez, 2017 - 22:10
O ex-presidente da Catalunha Carlos Puigdemont diz que é insustentável que haja eleições na Catalunha com uma grande parte dos candidatos na prisão, exigindo que o Supremo decida na segunda-feira pela sua libertação.
"Estão presos por razões políticas, e se finalmente forem libertados é porque é insustentável que haja eleições com uma grande parte dos candidatos na prisão", disse Puigdemont numa entrevista perante um público de 500 pessoas no festival anual do jornal flamengo 'De Standaard'.
O juiz do Supremo Tribunal espanhol deverá decidir na próxima segunda-feira se liberta, e em que condições, os oito ex-ministros regionais catalães e dois líderes de associações separatistas que actualmente aguardam julgamento em prisão.
Segundo fontes judiciárias, o juiz Pablo Llorena comunicou aos advogados da defesa que, em princípio, só irá anunciar a sua decisão na segunda-feira, depois de, durante a manhã de hoje, ter ouvido, um a um, os dez detidos acusados de crimes de rebelião, secessão e peculato.
Se isto acontecer significa que a decisão será tomada um dia antes do início, em 5 de Dezembro, da campanha eleitoral para as eleições regionais da Catalunha de 21 de Dezembro.
Oito dos dez separatistas detidos, entre os quais o ex-vice-presidente catalão, Oriol Junqueras, são candidatos a essas eleições.
Os oito conselheiros (ministros regionais) e os dois líderes de associações cívicas separatistas querem seguir os passos da presidente do parlamento catalão, libertada a 10 de Novembro último, depois de ter pago uma fiança de 125.000 euros.
Para conseguir ficar à espera de julgamento em liberdade, Carme Forcadell assegurou ao tribunal que acatava o artigo 155.º da Constituição espanhola, que permitiu a intervenção do Governo central na Catalunha, e que renunciava à independência unilateral da região.
No recurso contra a prisão preventiva, que apresentaram no início da semana, e em que pediam para ser ouvidos, os detidos afirmavam que aceitavam as consequências do artigo 155º. da Constituição e concordam que a declaração unilateral de independência aprovada em 27 de Outubro último teve apenas um valor político.
A consulta popular de 21 de Dezembro foi convocada pelo chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, em 27 de Outubro passado, no mesmo dia em que decidiu dissolver o parlamento da Catalunha e destituir o executivo regional presidido por Carles Puigdemont.
Os partidos separatistas ganharam as últimas eleições regionais, em 2015, o que lhes permitiu formar um governo que organizou um referendo de autodeterminação em 1 de Outubro último que foi considerado ilegal pelo Estado espanhol.
Os conselheiros foram presos preventivamente no final da primeira audiência no tribunal e depois de Carles Puigdemont e mais quatro membros do seu gabinete se terem refugiado na Bélgica, argumentando não confiar na democracia espanhola.