06 dez, 2017 - 12:57
A revista “Time” designou, esta quarta-feira, como “Pessoa do Ano” todos os envolvidos no movimento criado para chamar a atenção para o assédio sexual. O movimento começou em Hollywood, mas alargou-se a várias áreas da sociedade, nos Estados Unidos e noutros países.
“Foi a mudança social mais rápida que vimos em décadas e começou com pequenos actos de coragem, tomados por centenas de mulheres – e alguns homens – que deram a cara para contar as suas histórias”, justifica o editor chefe da revista, Edward Felsenthal, no programa “Today”, da NBC.
“The Silence Breakers” é, por isso, o título da publicação, que dá a conhecer as caras das mulheres que lançaram o movimento #Metoo.
“Parece que as estrelas de cinema são mais parecidas comigo e contigo do que alguma vez pensámos”, lê-se na revista.
As estrelas de cinema são apenas algumas das “quebradoras de silêncio”. Da lista fazem parte também outros artistas, empregados de restaurante, cantores e compositores, senadores, funcionários de hospitais, entre outros.
De Weinstein a Spacey
Um dos casos mais mediáticos envolveu o produtor norte-americano Harvey Weinstein, acusado de assédio e abuso sexual por mais de oitenta mulheres, entre as quais várias estrelas de Hollywood, como Gwyneth Paltrow, Ashley Judd e Angelina Jolie.
Depois destas denúncias, através de investigações pelo jornal "The New York Times" e a revista The New Yorker, e que levaram Harvey Weinstein a ser despedido da empresa que co-fundou e à sua expulsão de várias associações e organizações, nomeadamente da Academia de Hollywood, outros casos foram surgindo.
Entre os acusados de assédio e abusos sexuais, mas também de má-conduta sexual, estão actores como Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush e Matt Lauer, o fotógrafo Terry Richardson e o comediante norte-americano Louis C.K..
No Reino Unido, o deputado Kelvin Hopkins, do Partido Trabalhista, foi suspenso por alegado assédio sexual, o ministro da Defesa, Michael Fallon, demitiu-se por comportamento impróprio com uma jornalista, e outros dois ministros foram acusados de assédio.
No início desta semana, a Ópera Metropolitana de Nova Iorque suspendeu toda a colaboração com o maestro James Levine, alvo de denúncias de agressões sexuais.
Roy Moore, o candidato republicano a senador pelo Estado do Alabama, nos EUA, foi denunciado por assédio sexual de menores, mas mantém a candidatura, com apoio público do presidente Donald Trump, embora o Partido Republicano já tenha pedido a sua renúncia às eleições de 12 de dezembro.
Em 2016, a personalidade escolhida pela "Time" foi o Presidente norte-americano, Donald Trump. Justificação: a primeira vez que alguém sem um passado político ou militar assumiu a chefia da Casa Branca.
Este ano, Trump chegou a dizer que a revista lhe tinha atribuído novamente a distinção, mas a afirmação foi negada pela publicação.