07 dez, 2017 - 08:44
O grupo Hamas convocou, esta quinta-feira, uma nova Intifada (revolta popular) um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos ter reconhecido Jerusalém como
capital de Israel.
"Devemos
lançar e trabalhar no lançamento de uma Intifada contra o inimigo
sionista", disse o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, num discurso em Gaza,
citado pela agência Reuters.
O exército
israelita anunciou que vai destacar forças suplementares na Cisjordânia,
território palestiniano ocupado.
O Presidente dos Estados Unidos reconheceu Jerusalém como capital de Israel, afirmando que "há muito que já deveria ter sido tomada" esta decisão. O anúncio feito por Donald Trump representa uma ruptura com décadas de neutralidade da diplomacia norte-americana na questão israelo-palestiniana.
O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se de urgência esta sexta-feira, depois de Trump ter reconhecido Jerusalém como a capital de Israel, anunciou a presidência japonesa do órgão. Oito países que estão contra a decisão do Presidente dos Estados Unidos solicitaram o encontro de urgência do Conselho de Segurança ao Japão, que preside este mês o órgão, pedindo que António Guterres, secretário-geral da ONU, que informe os 15 membros do conselho.
Guterres disse ontem que a paz no Médio Oriente só será possível concretizando a visão de dois estados, com Jerusalém como a capital de ambos, Israel e a Palestina.
Palestina e Israel não chegam a um acordo sobre as fronteiras no interior da cidade. Como tal, nenhum estado optou por reconhecer a cidade como capital de Israel, com receio de que tal fosse encarado como uma tomada de partido pelos israelitas, podendo fazer descarrilar qualquer esforço de paz.
“Círculo de fogo”
O Presidente da Turquia acusou o seu homólogo norte-americano de lançar o Médio Oriente para um “círculo de fogo” com a sua controversa decisão de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel.
“Trump, o que é que tu queres fazer? Os líderes políticos não estão lá para agitar as coisas, mas antes para as pacificar. Agora, com estas declarações, Trump cumpre as funções de uma batedeira”, disse Recep Tayyip Erdogan aos jornalistas, no aeroporto da capital, perante uma multidão que exibia cartazes com mensagens como “Abaixo Israel” ou “Não te rendas, a nação apoia-te”.
“Os Estados não respeitam de todo as decisões da ONU. Até agora, além dos Estados Unidos e Israel, nenhum país violou a decisão da ONU de 1980”, afirmou o Presidente turco em referência à resolução das Nações Unidas que define Jerusalém como cidade ocupada e apela para que não sejam ali instaladas embaixadas até que o conflito seja resolvido.
“É impossível entender o que é que Trump pretende conseguir ao trazer novamente este assunto para a ordem do dia”, observou Erdogan, sublinhando que Jerusalém é uma cidade santa para judeus, cristãos e muçulmanos.
“Se Trump pensa que é forte e, por isso, tem a razão, engana-se. Os fortes não têm razão, os que têm razão é que são os fortes”, concluiu o Presidente turco antes de partir para uma visita oficial à Grécia, a primeira de um chefe de Estado turco em 65 anos.