21 dez, 2017 - 06:43 • Carlos Calaveiras
A Catalunha vai esta quinta-feira às urnas. As eleições regionais foram convocadas por Madrid depois de Mariano Rajoy ter destituído a “Generalitat” (governo regional) liderada por Carles Puigdemont.
Quem são as caras a que é preciso estar atento?
Carles Puigdemont. Era o presidente do Governo regional destituído. Fugiu para a Bélgica, depois de ter declarado a independência da região, mas continua a ser o candidato do PDeCAT e a participar na campanha através de conferências de imprensa.
Oriol Junqueras. Era o vice-presidente do Governo regional destituído. Está detido no Centro Penitenciário Madrid VII de Estremera. É o líder da Esquerda Republicana da Catalunha, desta vez não se coligou com o PDeCAT e tem feito campanha graças a entrevistas e a “posts” nas redes sociais.
Inés Arrimadas. É a jovem líder do partido Cidadãos na Catalunha. É contra a independência da região e tem liderado algumas sondagens. Pode vir a ser a nova presidente da Generalitat, mas não deverá ter maioria e precisará de se coligar.
Xavier Domènech. É o cabeça de lista da coligação Catalunha em Comum – Podemos (que junta Ada Colau e Pablo Iglesias). Também está do lado unionista.
Mariano Rajoy. É o chefe do Governo de Espanha e foi ele que destituiu o executivo catalão, que defende o referendo e a independência da Catalunha. As réplicas dos resultados desta quinta-feira podem chegar a Madrid.
Sondagens deixam tudo em aberto
No último dia em que foi possível apresentar sondagens, a uma semana do acto eleitoral, ninguém tinha maioria. Os partidos constitucionalistas (contra a independência) estão à frente nas intenções de voto. Apesar disso, os independentistas teriam mais lugares no parlamento regional.
O Cidadãos (constitucionalista) lidera a sondagem com intenções de voto entre os 23% e os 25%. Em segundo segue a Esquerda Republicana da Catalunha (independentista) com 20% a 23%, mas que teria mais deputados porque a lei eleitoral dá mais força aos partidos independentistas.
O parlamento regional tem 135 lugares e a maioria atinge-se aos 68 lugares.
As sondagens indicam uma taxa de participação de mais de 81%, a mais alta elevada de todas as eleições na Catalunha desde o início da transição democrática, em 1977.
Os partidos separatistas (Juntos pela Catalunha, ERC e CUP) ganharam as eleições regionais em 2015 com 72 deputados, o que lhes permitiu formar o Governo que avançou para o referendo de autodeterminação de 1 de Outubro.
O que acontece se vencerem os independentistas?
Se os partidos independentistas tiverem maioria dos lugares no parlamento regional vão voltar a insistir na independência da Catalunha.
Carles Puigdemont já deixou a pergunta durante a campanha: “Será que o Estado espanhol vai respeitar o resultado?”.
É que a Constituição espanhola continua a impedir a independência da Catalunha. Ou seja, o mais certo é o impasse manter-se.
A não ser que haja uma revisão da Constituição que, das duas uma: dê mais autonomia à região ou, em último caso e num cenário pouco provável, seja mesmo permitida a independência após referendo.
PSOE e PP já criaram um grupo de trabalho para discutir esta questão e o Cidadãos quer entrar.
Líderes independentistas podem governar estando detidos ou fora do país?
Não. Se Oriol Junqueras, detido, ou Carles Puigdemont, fugido, ganharem as eleições não podem tomar posse.
Junqueras teria de ser substituído por alguém da lista. Já Puigdemont, que tem um mandado de detenção à sua espera se entrar em solo espanhol, só poderia tomar posse se viesse à cerimónia e realizasse um discurso no parlamento regional.