22 dez, 2017 - 06:35
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O partido constitucionalista Cidadãos venceu as eleições regionais de quinta-feira na Catalunha, com 37 deputados, mas os independentistas mantiveram a maioria absoluta no parlamento, conquistando 70 dos 135 lugares.
Carles Puigdemont, o presidente demitido do governo catalão (Generalitat), anunciou uma vitória da “república catalã” contra “a monarquia do 155”, numa referência ao artigo da Constituição espanhola que permite a suspensão das autonomias regionais e que foi activado por Madrid depois da Declaração Unilateral de Independência.
La #RepúblicaCatalana ha derrotat la monarquia del 155. Ara cal una rectificació, una reparació i una restitució. La recepta que Rajoy va vendre a Europa ha fracassat. Que prenguin nota #JuntsxCat pic.twitter.com/ITzsYVXwZw
— Carles Puigdemont 🎗 (@KRLS) December 21, 2017
As eleições de quinta-feira, foram convocadas pelo chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, no mesmo dia em que decidiu dissolver o parlamento da Catalunha e destituir o executivo regional, liderado por Carles Puigdemont (que se encontra actualmente em Bruxelas para evitar ser preso).
Há dois anos, os partidos separatistas tinham conseguido 72 deputados, o que lhes permitiu formar um governo que organizou, em Outubro, um referendo de autodeterminação, considerado ilegal pelo Estado espanhol.
Na quinta-feira, numa das mais eleições mais participadas de sempre na região, o partido mais votado foi o constitucionalista Cidadãos. É a primeira que um partido unionista vence as eleições na Catalunha.
Contudo, um decreto de 1980 define pesos diferentes para as várias circunscrições eleitorais, valorizando os votos das zonas rurais e levando a equilíbrios de forças no parlamento que vão além dos resultados simples das urnas.
Daí que o bloco independentista Junts per Catalunya tenha, apesar de ter recolhido menos votos, alcançado a maioria absoluta.
Na Bélgica, onde está fugido à justiça espanhola que o acusa de sedição, rebelião e peculato, Carles Puigdemont, líder do Junts per Catalunya (constituído pelos separatistas Juntos pela Catalunha, Esquerda Republicana da Catalunha, CUP, num total de 34 deputados) disse que as eleições resultaram numa “maioria de votos e de deputados eleitos que pede um novo referendo”.
Os partidos independentistas obtiveram 21% dos votos, mas 70 dos 135 lugares do parlamento, um número que sobe para 78 lugares se forem contabilizados os defensores de um novo referendo legal (partidos independentistas mais CatComú-Podem).
O Cidadãos obteve 25% dos votos, mas 37 lugares. A cabeça de lista, Inés Arrimadas, admitiu que não poderá ser chefe do governo regional e considerou a “lei injusta”, por dar “mais lugares a quem tem menos votos” na rua.
“Apostámos na união dos catalães, votámos a favor da convivência, de uma Catalunha para todos os catalães. A maioria sente-se catalã, espanhola, europeia e vai continuar a sê-lo”, afirmou.
O principal derrotado foi o PP da Catalunha (PPC) que obteve apenas três lugares. Os socialistas (17 lugares) também ficaram aquém do esperado e pediram aos independentistas que abandonassem a “via ilegal” do secessionismo.
Apesar da vitória do bloco pró-independência, nas ruas foi mais sentida a festa do Cidadãos por muitos independentistas considerarem que estas eleições foram impostas por Madrid. Contudo, na sede do Junts per Catalunya, reinava a euforia.