04 jan, 2018 - 11:36
“Fogo e Fúria: dentro da Casa Branca de Trump” é o novo livro do jornalista Michael Wolff, biógrafo de Rupert Murdoch e colaborador da "Vanity Fair", do "The Guardian" e do "Hollywood Reporter".
Durante um período de 18 meses, o jornalista conduziu mais de 200 entrevistas com o Presidente, os seus colaboradores mais próximos e muitas outras pessoas envolvidas na campanha e no primeiro ano de mandato de Trump.
O livro é publicado na próxima terça-feira, dia 9 de Janeiro. No entanto, a imprensa norte-americana já publicou algumas das revelações trazidas pelo livro sobre o presidente dos Estados Unidos.
1. Trump esperava perder as eleições em 2016 – e não tinha problemas com isso
A equipa à frente da campanha de Donald Trump esperava uma derrota do candidato desde o início. A directora de campanha Kellyanne Conway chegou mesmo a atribuir culpas, perante os jornalistas, a Reince Priebus, presidente do Comité Nacional Republicano pela esperada derrota de Trump.
Num artigo publicado na NYMag, adaptado do seu livro, Wolff descreve a reacção de Trump e Melania à vitória, em Novembro de 2016.
“Pouco depois das 8 horas na noite das eleições, quando a tendência inesperada - Trump pode realmente ganhar - parecia confirmada, Don Jr. disse a um amigo que seu pai, ou DJT, como ele lhe chama, parecia ter visto um fantasma. Melania estava em lágrimas - e não de alegria.
No espaço de pouco mais de uma hora, aos olhos de Steve Bannon, houve um Trump confuso, que se transformou num Trump incrédulo e depois num Trump horrorizado. Mas ainda estava para vir a transformação final: de repente, Donald Trump tornou-se um homem que acreditava que ele merecia ser, e era totalmente capaz de ser, o presidente dos Estados Unidos.
2. Donald Trump não tinha interesse em ler a Constituição
O livro de Wolff afirma que o empresário desconhecia mesmo as bases do governo norte-americano.
Sam Nunberg, assessor da campanha, terá tentado conversar com o candidato sobre a Constituição, ainda antes da eleição. “O mais longe que cheguei foi à quarta emenda”, terá dito Nunberg, descrevendo a reacção de enfado de Trump à conversa.
3. Trump estava “zangado” no dia da tomada de posse
“Trump não apreciou sua própria tomada de posse. Ele estava zangado por as estrelas de ‘nível A’ terem ignorado o evento, descontente com as acomodações na Blair House e visivelmente em conflito com a esposa, que parecia à beira das lágrimas ", pode ler-se no livro.
4. Trump achou a Casa Branca “assustadora”
A Casa Branca também não terá agradado ao novo Presidente. Michael Wolff escreve mesmo no livro: “Trump, de facto, achou a Casa Branca incómoda e até mesmo um pouco assustadora. Ele foi para o seu quarto - a primeira vez desde Kennedy que um casal presidencial havia mantido quartos separados. Nos primeiros dias, pediu dois ecrãs de televisão, além da que já estava lá, e uma fechadura na porta, precipitando um breve impasse com o Serviço Secreto, que insistia em ter acesso à sala ".
5. Steve Bannon considerou a reunião de Donald Trump Jr. e um grupo de russos um acto de “traição”
Sobre a reunião polémica do filho mais velho de Trump com a advogada russa Natalia Veselnitskaya, na Trump Tower, em Nova Iorque, em Junho de 2016, Bannon foi particularmente crítico. O antigo conselheiro do presidente acusa Donald Trump Jr. — bem como o genro Jared Kushner e o então director de campanha, Paul Manafort, que também estiveram presentes na reunião — de ter sido “antipatriótico” e de ter “atraiçoado” a nação.
Entretanto, Trump acusou o seu antigo conselheiro de ter “enlouquecido” depois de ter sido “despedido” da Casa Branca.
6. Ivanka Trump planeia candidatar-se à presidência
Segundo o livro de Michael Wolff, a filha de Donald Trump terá feito um acordo, com o marido Jared Kushner, de que se candidataria à presidência dos EUA caso houvesse oportunidade.
7. Seis semanas depois da tomada de posse, a Administração
Trump não sabia quais eram as suas prioridades
A chefe de gabinete da Casa Branca, Katie Walsh, terá perguntado a Jared Kushner quais eram os objectivos da nova Administração norte-americana.
Seis semanas depois de ter entrado em funções, Kushner não tinha resposta para esta pergunta. “Sim”, disse a Walsh. “Deveríamos, provavelmente, ter essa conversa”, cita a BBC.
8. Trump admirava Murdoch, mas o magnata achou o Presidente um “idiota”
Wolff, que escreveu também uma biografia de Rupert Murdoch, conta a história de uma conversa telefónica do magnata com o Presidente.
Donald Trump teria uma grande admiração pelo presidente da News Corp, Rupert Murdoch. “Ele é um dos maiores, o último dos maiores”, terá dito o então Presidente eleito.
Já Murdoch terminou a conversa irritado com as visões contraditórias do novo Presidente sobre imigração e, quando desligou o telefone, terá chamado “completo idiota” a Trump
9. Flynn sabia que as ligações à Rússia podiam ser um “problema”
O antigo Conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, Michael Flynn, sabia que aceitar dinheiro de Moscovo por um discurso podia trazer problemas, de acordo com o livro.
Wolff escreve que, antes da eleição, Flynn foi abordado por vários amigos, que diziam que não tinha sido uma boa ideia aceitar 45 mil dólares dos russos para um discurso. “Só seria um problema se ganhássemos”, terá dito o ex-conselheiro.