09 jan, 2018 - 06:50
As Coreias do Norte e do Sul iniciaram esta segunda-feira a sua primeira reunião desde Dezembro de 2015. Os Jogos Olímpicos de Inverno lançaram o mote e o Norte já anunciou que irá estar presente.
Os norte-coreanos fizeram saber que vão enviar uma delegação composta, não só por atletas e responsáveis do país, como por uma claque de apoio.
À espera de resposta continua, contudo, a sugestão apresentada pelos sul-coreanos para que os atletas dos dois países desfilem juntos na cerimónia de abertura.
Na reunião, que arrancou às 10h00 (1h00 em Lisboa), Seul propôs ainda a realização de encontros de famílias separadas pela fronteira e outras iniciativas de reconciliação, cuja resposta do Norte ainda não é conhecida, até porque a reunião ainda prossegue.
O encontro entre as duas Coreias acontece na sequência da manifestação de vontade do líder norte-coreano, que durante a mensagem de Ano Novo abriu a porta ao diálogo com o Sul, admitindo a participação de atletas na competição olímpica.
Na resposta, Seul sugeriu o dia 9 para iniciar negociações de alto nível, o que aconteceu na aldeia de Panmunjom, na fronteira entre os dois países onde foi assinado o armistício da Guerra da Coreia (1950-53) – um acordo “que ainda não substituído por um tratado de paz”, lembra o jornalista António Caeiro, grande conhecedor da realidade coreana.
À Renascença, este jornalista da agência Lusa lembra que os recentes testes de mísseis balísticos e ensaios nucleares elevaram a tensão na península ao máximo. “Mas o facto de se terem sentado à mesma mesa é uma enorme trégua olímpica e possibilita que possam conversar sobre outros assuntos”, nota.
O facto de o Norte manifestar vontade de participar nos Jogos Olímpicos, acrescenta, “é já um sinal de degelo a que correspondeu o Sul, que decidiu, juntamente com os Estados Unidos, adiar uma série de testes militares durante os Jogos Olímpicos”.
“Enquanto conversam não se agridem”, diz este especialista, para quem as perspectivas deste encontro têm de ser positivas.
António Caeiro explica ainda que o armamento nuclear é “uma espécie de seguro de vida” para a Coreia do Norte.
“Olhando para outras ditaduras, como o Iraque e a Líbia, que foram derrubados, a Coreia do Norte acha que, enquanto tiver armamento nuclear, será mais difícil ser derrubada”, afirma, adiantando que Pyongyang quer “ser reconhecido como uma potência nuclear e entrar em diálogo directo com os EUA” – coisa que não acontece “desde a Guerra da Coreia, já lá vai mais de meio século”.
“Houve uma aproximação durante a administração Clinton, mas entretanto todo o processo descambou e no ano passado assistimos a um período extremamente bélico e agressivo”, recorda, reforçando a importância do encontro desta terça-feira.