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"Vice" para as mulheres do Partido Conservador britânico criticada por ser pró-vida

10 jan, 2018 - 15:17 • Filipe d'Avillez

Apesar das críticas por parte de grupos e comentadores favoráveis ao aborto livre, a maioria das mulheres britânicas não quer, segundo uma sondagem, liberalizar ainda mais o aborto naquele país.

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Maria Caulfield, a recém-nomeada vice-presidente para a inclusão das mulheres do Partido Conservador, tem sido criticada por grupos favoráveis à liberalização do aborto devido às suas posições assumidamente pró-vida.

A função de Caulfield, que é católica, é de promover a representatividade de mulheres no partido. Mas a sua nomeação por parte de Theresa May não foi bem-recebida por vários grupos e indivíduos, que consideram tratar-se de um erro político.

A British Pregnancy Advisory Service (BPAS), que apesar do nome tem como principal função o aconselhamento e a prática de abortos, cita uma frase de Caulfield em que afirmou: “nem eu, nem os muitos colegas que partilham as minhas opiniões, seremos silenciados enquanto procuramos ser uma voz para os sem-voz e argumentamos por uma lei de aborto mais moderna e humana, que defende não só a dignidade e os direitos das mulheres, mas também a dignidade e os direitos da criança por nascer.”

Numa mensagem no Twitter, a BPAS sublinha o facto de Caulfield querer ser ser "uma voz para os nascituros" e considera a nomeação “chocante” e “terrivelmente desapontante”.

Em causa, para além das posições pró-vida de Caulfield, está o facto de ela se ter oposto especificamente a uma lei que descriminalizaria o aborto no Reino Unido, removendo praticamente todas as restrições que ainda existem à prática naquele país.

Perante as críticas, contudo, Caulfield respondeu dizendo que as reacções contra a sua nomeação são “ridículas” e que seria uma tristeza se “no Reino Unido alguém não pode ter uma opinião diferente” sobre um assunto. “Dizer que alguém que tem uma opinião diferente não pode representar as mulheres é absolutamente ridículo”.

Caulfield defendeu também a sua posição contra a descriminalização do aborto. “A actual lei protege mulheres que poderiam ser pressionadas a fazer um aborto por um parceiro ou familiar abusivo. Em dois anos como deputada não houve uma única mulher que me dissesse que estava a ter dificuldade em ter acesso a um aborto.”

“Não me cabe estar a julgar mulheres que queiram abortar, mas enquanto legisladora, se estiver preocupada que uma mudança de lei possa afectar negativamente mulheres vulneráveis, ou bebés do sexo feminino, então é evidente que tenho o direito de falar sobre o assunto”, diz.

Apesar da reacção negativa por parte de organizações e comentadores favoráveis ao aborto livre, uma sondagem publicada no ano passado revela que uma grande maioria das mulheres inquiridas é contra a liberalização da lei actual, que já permite o aborto livre até às 24 semanas.

A polémica à volta de Maria Caulfield é mais um caso em que um político é criticado por questões de consciência. Em Setembro de 2017 o conservador Jacob Rees-Mogg foi fortemente criticado por dizer que era contra o aborto em todas as situações, incluindo em casos de violação. Antes Tim Farron, líder do partido Liberal Democrata, resignou ao seu cargo depois de ter sido criticado na imprensa por dizer que se opunha aos actos homossexuais. Na altura em que se demitiu disse que já não sentia ser possível conciliar a actividade política com a sua fé cristã.

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