20 jan, 2018 - 16:57
A defesa do ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva tem a certeza da "força" dos seus argumentos legais e confia plenamente na absolvição do ex-sindicalista, que na próxima quarta-feira enfrentará um julgamento em segunda instância por corrupção.
Numa entrevista à agência de notícias espanhola EFE, o advogado Cristiano Zanin Martins acredita que o resultado de 24 de Janeiro será "favorável" ao ex-chefe de Estado e possível candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições presidenciais de Outubro.
A defesa de Lula da Silva "não contempla" um cenário adverso para o ex-mandatário, que em Julho foi condenado em 1ª instância a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e branqueamento de capitais.
Nesse processo, um dos sete que Lula da Silva enfrenta nos tribunais, o juiz federal Sérgio Moro deu como provado que a construtora OAS deu ao ex-mandatário um apartamento o Guarujá, em São Paulo, em troca de favorecimento nos contratos com a Petrobras.
Zanin acredita que este processo "nasceu com uma motivação política muito clara" que visa "desgastar a imagem" do ex-Presidente, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto em vista das eleições presidenciais.
"A sentença também reflecte um julgamento político", existindo um "pacto de corrupção" baseado "unicamente" na declaração feita pelo réu e ex-presidente da construtora OAS, Leo Pinheiro, explicou Zanin.
A análise da sentença está agora nas mãos do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF -4), em Porto Alegre, que decidirá se deve ou não ratificar a sentença proferida na 1º instância contra Lula da Silva.
"Temos a expectativa de que, se houver um julgamento justo, imparcial e independente, o resultado será favorável ao ex-Presidente e ele será absolvido", afirmou o advogado.
Independentemente do resultado judicial na próxima quarta-feira, segundo Zanin, Lula da Silva poderá registar a sua candidatura no tribunal eleitoral para as presidenciais de 2018 pelo Partido dos Trabalhadores.
Uma pesquisa da empresa Datafolha, no mês passado, dava a Lula da Silva 34% na preferência dos eleitores na primeira volta e uma vitória esmagadora, com cerca de 50% dos votos, na segunda volta contra qualquer possível adversário.
"O Presidente pode registar a candidatura e, se houver uma impugnação, poderá haver outro julgamento (no tribunal eleitoral), mas separadamente", diz Zanin.
Além de uma eventual decisão de inabilitação política por parte do tribunal eleitoral, Lula da Silva também poderá ser preso se a decisão do TRF4 for desfavorável ao ex-mandatário, cenário que a defesa "não projecta".