31 jan, 2018 - 08:14
Donald Trump fez, na terça-feira, o seu primeiro discurso sobre o estado da União. No Capitólio, garantiu que o país vive um novo momento, sublinhou a situação da economia com a descida do desemprego, a subida de salários e o crescimento da bolsa.
“A América virou finalmente a página de décadas de acordos de comércio injustos, que sacrificaram a nossa prosperidade e enviaram [para outros países] as nossas empresas, os nossos trabalhos e a riqueza da nossa nação”, afirmou o Presidente norte-americano perante as duas câmaras do Congresso norte-americano (Câmara dos Representantes e Senado).
Trump anunciou depois o fim da “era de submissão económica” com a promessa de todos os novos acordos serem “justos e, mais importante, recíprocos”. Recorde-se que os EUA saíram do Acordo TransPacífico de Comércio e que o Presidente quer renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA).
Ainda na área económica, o Donald Trump referiu-se à América como “uma nação de construtores” para se referir a um tema popular entre os conservadores: o corte de regulações para todas as indústrias.
“Na nossa missão para responsabilizar Washington, eliminámos mais regulações no nosso primeiro ano do que qualquer outra administração na história. Construímos o Empire State Building em apenas um ano. Não é uma desgraça que agora demore dez anos para conseguir a licença para construir uma simples estrada?”, questionou.
O chefe da Casa Branca referiu-se ainda a um dos temas com o qual o Congresso se debate neste momento: o futuro dos jovens protegidos pelo programa DACA, destinado a pessoas que foram para os EUA em criança de forma ilegal ou já nasceram no país.
Anunciando os seus planos para uma reforma na imigração, pediu a união entre democratas e republicanos para a aprovar as novas leis, reiterando que a sua proposta oferece um caminho da cidadania para cerca de 1,8 milhões de jovens que “cumpram requisitos de trabalho e educação, e bom caráter moral” – em troca da construção do muro da fronteira com o México, o fim da lotaria de vistos e os programas de reunificação familiar.
“Comunidades que passam por dificuldades, especialmente comunidades de imigrantes, podem ser ajudadas por políticas de imigração que se centrem nos interesses dos trabalhadores americanos e das famílias americanas”, defendeu.
E, num outro momento em que pediu a colaboração entre partidos, Trump pediu que deixassem passar o seu plano de investimento público em infraestruturas.
“Estou a pedir a ambos os partidos que se unam para nos dar a rede de infraestruturas segura, rápida, de confiança e moderna que a nossa economia precisa e que as nossas pessoas merecem”, apelou.
Pediu ainda “a todos que coloquem as suas diferenças de lado, que procurem pontos de acordo e que procurem a unidade” que os Estados Unidos precisam para as pessoas que serve.
No plano internacional, o Presidente norte-americano anunciou ter ordenado ao Secretário de Estado da Defesa, Jim Mattis, para manter a prisão de Guantanamo aberta – será esse o destino dos terroristas, disse – e colocou a América ao lado do povo iraniano.
Donald Trump não se referiu às investigações às alegadas interferências da Rússia nas eleições norte-americanas, mas apontou baterias ao Estado Islâmico, anunciando um aumento do arsenal nuclear e destacando a quase extinção do grupo terrorista no Iraque e na Síria.
Referiu-se ainda à Coreia do Norte, homenageando o desertor norte-coreano Ji Seong-ho, que escapou da Coreia do Norte em 2006, e avisando os americanos que o objectivo de Pyongyang de aumentar o arsenal nuclear pode, “a breve trecho, ameaçar a nossa pátria”.
Há que, por isso, manter a campanha de prevenção, defendeu. “Estamos a pressionar para que tal nunca aconteça”.
Este ano, os congressistas democratas decidiram vertir-se de preto em sinal de apoio ao movimento #MeToo ou #TimesUp, que combate o assédio e abuso sexual.