05 fev, 2018 - 10:55
A atriz norte-americana Uma Thurman decidiu contar tudo o que viveu enquanto vítima de assédio sexual. Numa entrevista ao “The New York Times”, conta como foi seduzida e atacada pelo produtor Harvey Weinstein depois do lançamento do filme “Pulp Fiction”, em 1994.
Segundo Uma Thurman, a primeira abordagem aconteceu em Paris, quando o magnata de Hollywood a convidou para o seu quarto e, a seguir, para uma sauna no hotel. Nessa altura, diz, “não se sentiu ameaçada”.
“Conhecia-o bastante bem antes de ele me atacar”, afirma, explicando que era comum ambos “passarem horas” a conversar sobre as produções, com o produtor “a elogiar a minha maneira de pensar e a validar-me”.
Os dois voltaram a encontrar-se em Londres, também no quarto de hotel de Harvey Weinstein, onde se concretizou um ataque. “Ele empurrou-me e tentou saltar para cima de mim e despir-se. Fez muitas coisas desagradáveis”, revela a atriz. “Fez todo o tipo de coisas desagradáveis”, acrescenta ao jornal.
No dia seguinte, Uma recebeu um ramo de rosas amarelas, com um bilhete: “Tens ótimos instintos”, numa referência aos movimentos da atriz para escapar ao ataque.
Uma Thurman decidiu então voltar ao quarto de Harvey Weinstein, levando consigo um amigo que ficou à espera junto aos elevadores, e ameaçou: “Se fazes o que fizeste comigo a outras pessoas, vais perder a tua reputação, a tua carreira e a tua família, prometo”.
Não se consegue lembrar do que se passou a seguir, diz.
A entrevista ao “The New York Times” surge depois de em outubro, numa passerelle Uma Thurman ter afirmado que estava zangada e que iria falar sobre o assunto quando já tivesse digerido as suas emoções.
Em novembro, decidiu assumir no Instagram e no Facebook que também tinha sido vítima do produtor de Hollywood. Nessa ocasião, usou a “hashtag” #metoo, que se tornou viral.
Agora, a atriz pede desculpa por não ter falado publicamente mais cedo. “Sinto-me mal por todas as outras mulheres que foram atacadas depois de mim.
Dois dos maiores sucessos de Uma Thurman, "Pulp Fiction" e "Kill Bill", foram dirigidos por Quentin Tarantino e produzidos por Harvey Weinstein, uma das duplas mais poderosas em Hollywood na época.
Em outubro, Tarantino afirmou que sabia há anos das ações de Harvey, inclusive do caso de Uma Thurman.
O porta-voz do produtor norte-americano já reagiu às declarações da atriz. “O sr. Weinstein admite ter feito avanços em relação à sra. Thurman depois de interpretar mal a sua atitude em Paris. Ele desculpou-se imediatamente", indica.
Harvey Weinstein encontra-se neste momento em terapia no Arizona e, segundo o seu advogado, “atordoado e entristecido”. Interroga-se ainda sobre a razão que levou Uma Thurman a esperar 25 anos para tornar públicas as alegações.
Segundo Benjamin Brafman, um dos mais famosos advogados nos Estados Unidos, as declarações da atriz estão a ser “examinadas e verificadas cuidadosamente” para “decidir se será apropriado avançar com um procedimento legal contra ela”.