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Autoridades birmanesas detêm soldados envolvidos em massacre denunciado pela Reuters

11 fev, 2018 - 10:17

Ao todo 16 pessoas serão castigadas pelo seu papel na morte de 10 muçulmanos. Governo diz que a investigação nada tem a ver com a denúncia da Reuters, cujos jornalistas enfrentam uma possível pena de 14 anos.

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Reuters denuncia massacre de Rohingya. Autoridades prendem 16 soldados
Reuters denuncia massacre de Rohingya. Autoridades prendem 16 soldados

As autoridades birmanesas detiveram 16 pessoas, incluindo sete militares, pelo seu papel no massacre de 10 homens de etnia rohingya, disse este domingo Zaw Htay, um porta-voz governamental.

O massacre, que terá ocorrido em setembro, foi conhecido nos últimos dias depois de dois jornalistas birmaneses, da agência Reuters, terem dado a conhecer os detalhes do que se passou na aldeia de Inn Din, no estado de Rakhine, onde a comunidade rohingya se queixa de perseguição e limpeza étnica.

Segundo a reportagem da Reuters, que cita civis rohingya e também aldeãos budistas que participaram no massacre, as dez vítimas foram escolhidas aleatoriamente de um grupo de centenas de rohingyas que se tinham refugiado numa praia próxima. Esta versão contraria a oficial do Governo, de que os homens fariam parte de um grupo que tinha atacado os militares birmaneses.

Os homens foram então obrigados a ajoelhar na terra, como se vê numa fotografia que foi amplamente divulgada, enquanto aldeãos budistas cavavam uma pequena vala. Ainda segundo a Reuters, alguns dos aldeãos mataram três dos civis a golpes de espada e catana enquanto os restantes sete foram assassinados pelos soldados a tiro, sendo os corpos depositados na vala.

A divulgação dos factos pela Reuters abalou o regime birmanês, que não hesitou em prender os dois jornalistas daquele país responsáveis pela reportagem. Dois polícias também foram detidos. Os quatro enfrentam agora a acusação de divulgação de segredos de Estado, que acarreta uma pena de até 14 anos de cadeia.

Mas este domingo o Governo veio dizer que também ia tomar medidas contra os envolvidos no massacre, dizendo que não negava que tinha havido violações de direitos humanos mas garantindo que a investigação sobre as mortes em Inn Din nada tinha tido a ver com a reportagem

“A investigação já estava a ser conduzida antes da reportagem da Reuters”, afirmou Zaw Htay.

A detenção dos jornalistas causou muita polémica, com vários países e órgãos de informação a manifestar a sua preocupação. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Boris Johnson, está de visita à região e já afirmou que vai abordar o assunto dos jornalistas Wa Lone e Kyaw Soe Oo quando se encontrar com a líder birmanesa Aung San Suu Kyi.

O conflito no Estado de Rakhine tem levado à fuga de centenas de milhares de muçulmanos de etnia rohingya para o Bangladesh. A comunidade está há séculos no Myanmar, antiga Birmânia, mas os seus membros não são considerados birmaneses pelo regime, que diz que são bengalis.

O assunto foi central na visita do Papa Francisco ao país no final de 2017.

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