20 fev, 2018 - 13:52
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O grupo Daimler, dono da Mercedez-Benz, terá instalado “software” de controlo de emissões de gases poluentes com duas funções suspeitas.
A revelação foi feita pelo jornal alemão “Bild”, que teve acesso a documentos confidenciais da empresa.
O grupo Daimler está a ser investigado nos Estados Unidos na sequência do escândalo da fraude nas emissões de gases poluentes envolvendo o grupo Volkswagen denunciado em 2015.
O inquérito preliminar que decorre nos EUA analisa as emissões poluentes de veículos Mercedes-Benz que têm motores equipados com tecnologia diesel "BlueTEC".
A tecnologia já estava a ser investigada pela “possibilidade de permitir a emissão acima dos níveis legais de gases poluentes, em praticamente todas as condições de condução do mundo real”, segundo um grupo de proprietários destes carros que abriu uma ação coletiva contra a marca nos EUA.
Daimler downplays a report on rigged U.S. emission-test software https://t.co/JHq0ryatvV pic.twitter.com/UFsitgRYhs
— Bloomberg (@business) February 19, 2018
Duas funções suspeitas
Os documentos confidenciais agora revelados pelo “Bild” indicam mais duas características dos carros do grupo Daimler que interferem no controlo das emissões poluentes.
O "software" estaria programado com uma função chamada “Bit 15”, que reduzia automaticamente a aplicação do fluído “AdBlue” – que ajuda a eliminar os gases mais poluentes – depois do veículo percorrer 26 quilómetros.
A outra funcionalidade suspeita está a associada à gestão do desempenho do motor e chama-se “Slipguard”.
Alegadamente, a ativação deste modo de funcionamento permitirá ao sistema interno do automóvel reconhecer se se encontra em testes de laboratórios através dos padrões de aceleração.
O “Bild” cita também emails de dois engenheiros da Daimler que questionavam se estas funções do “software” seriam legais.
Empresa desvaloriza documentos: “não há denúncias”
Segundo o grupo Daimler, os documentos revelados pelo jornal alemão já eram conhecidos das autoridades e, até ao momento, “não foi apresentada nenhuma denúncia”.
Sem comentar o conteúdo dos documentos, um porta-voz do grupo reforçou que a empresa alemã está a cooperar com as autoridades dos EUA e mantém o acordo de confidencialidade com o Departamento de Justiça.
“Os documentos disponibilizados pelo "Bild" foram, obviamente, selecionados para prejudicar a Daimler e os seus 290 mil funcionários”, disse um porta-voz da empresa sobre a reportagem do jornal alemão.