21 fev, 2018 - 13:08
Veja também:
As cidades da Europa devem começar já a preparar-se para as consequências do eventual aumento das temperaturas globais na segunda metade deste século, aconselha um estudo liderado por uma investigadora portuguesa.
A partir de 2050, as ondas de calor podem ser significativamente piores, a seca poderá aprofundar-se e as inundações de rios podem multiplicar-se.
"Já estamos a começar a ver um aumento nas ondas de calor, na seca e inundações - as cidades precisam de começar a pensar em se adaptar agora e deviam até ter começado ontem", disse a investigadora Selma Guerreiro, autora principal do estudo publicado na revista Environmental Research Letters, à agência Reuters.
Se as temperaturas subirem, as cidades da Europa Central podem vir a ser atingidas por ondas de calor. Os termómetros podem subir entre 2 graus e 14 graus Celsius, calculam os investigadores da Universidade britânica de Newcastle.
Ahead of the @IPCC_CH @Cities_IPCC Cities and Climate Change Science conference, next week :
— Val. Masson-Delmotte (@valmasdel) February 21, 2018
future heat-waves, droughts and floods risks in 571 European cities :
https://t.co/Z6keAmQrcG via @IOPscience pic.twitter.com/sM4WmSljgi
Os investigadores, que estudaram o impacto de aumentos globais da temperatura entre 2,6 graus e 4,8 graus Celsius, afirmam que os maiores aumentos no número de dias de ondas de calor vão acontecer em cidades do Sul da Europa.
Na prática, isto quer dizer que, em cidades como Lisboa, haverá mais dias muito quentes e durante mais tempo consecutivo.
Secas podem também afetar norte da Europa
As previsões dos climatólogos apontam para “períodos de seca mais longos” e ainda mais secos. “No pior cenário, as secas também irão chegar ao norte da Europa”, avança o estudo.
No ano passado, grande parte do sul da Europa experimentou secas longas, que causaram grandes incêndios e puseram em causa muitas colheitas.
Em Roma, as fontes públicas foram desligadas e o abastecimento de água às habitações teve de ser racionado.
A Grã-Bretanha e a Alemanha sofreram graves inundações nos últimos anos, e Paris foi forçada a evacuar 1.500 pessoas quando o Sena inundou no mês passado.
"O clima extremo está a atingir em força ", disse o co-autor do estudo, Richard Dawson.
A seca que agora ameaça o abastecimento de água na Cidade do Cabo é um excelente exemplo de como as cidades precisam se adaptar muito antes de uma seca ou inundação atingir, explica.
Depois de uma seca começar e quando a água começa a faltar nas torneiras, já é muito tarde para construir outro reservatório ou uma unidade de dessalinização”, considera o investigador. E o mesmo se aplica às ondas de calor e às inundações.
"Devemos começar a pensar a longo prazo, em termos de preparar e adaptar as cidades a qualquer tipo de evento climático", reforçou Richard Dawson.
As cidades podem construir grandes infra-estruturas, como reservatórios, barreiras de inundação, ou podem fazer mudanças incrementais de menor escala, mas de forma continuada, aconselha.
"E tivermos edifícios mais resilientes às inundações e ao calor”, explica o investigador e nos tornarmos “mais efetivos no uso de recursos hídricos, podemos criar mais margem para a adaptação a eventos climáticos mais extremos", considera o investigador do clima.
"Uma combinação de todas estas coisas é provavelmente a melhor maneira para cidades (se adaptarem)", conclui.