28 fev, 2018 - 10:27
A Coreia do Norte forneceu à Síria materiais que podem ser utilizados no fabrico de armas químicas, segundo um relatório de especialistas das Nações Unidas, revelado pelo jornal “The New York Times”.
O documento, que não foi tornado público e cujo conteúdo a ONU não quis confirmar, estuda possíveis violações por parte de Pyongyang das sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Os especialistas documentam as alegadas trocas entre a Coreia do Norte e a Síria, mas assinalam que as provas disponíveis não comprovam de forma definitiva a existência de uma cooperação entre os dois países no que diz respeito às armas químicas.
Segundo o relatório, o país asiático forneceu à Síria lajes, válvulas e termómetros, todos resistentes a ácidos, que podem ser utilizados na produção deste tipo de armamento.
Foram detetados mais de 40 envios de mercadoria de Pyongyang para Damasco entre 2012 e 2017.
O Governo sírio, dirigido por Bashar al-Assad, comprometeu-se em 2013 a destruir todo o seu arsenal químico, mas desde então tem sido acusado em várias ocasiões de utilizar substâncias proibidas com fins militares.
O documento dos especialistas da ONU, que informa o Conselho de Segurança sobre possíveis violações das sanções por parte da Coreia do Norte, assinala que em janeiro de 2017 foram intercetadas lajes resistentes a ácidos em dois barcos que partiram do país asiático com destino à Síria, segundo o jornal. Estes materiais, referem, são utilizados na construção de instalações onde se produzem armas químicas.
O jornal nova-iorquino assegura que o relatório sublinha o perigo que significa um comércio deste tipo entre a Síria e a Coreia do Norte, pois poderia facilitar a Damasco o uso de armas químicas e a Pyongyang receitas para financiar os seus programas nucleares e de mísseis.
Questionado sobre o documento, o porta-voz das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, disse desconhecer o seu conteúdo nem se este será divulgado.
Os Estados Unidos, que têm acusado repetidamente a Síria de usar armas químicas e a Coreia do Norte de tentar esquivar-se às sanções internacionais, também não quiseram confirmar a informação, mas asseguraram que vai ao encontro das suas suspeitas.
“Isto é algo que preocupa os Estados Unidos há algum tempo”, disse a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Heather Nauert.
Segundo a representante, a preocupação é que, à medida que Pyongyang se sinta “mais desesperada”, procure “formas diferentes, criativas e horríveis de procurar fazer dinheiro para financiar o seu regime criminoso”.