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Brasil. Centenas de militares vasculham favela do Rio de Janeiro

07 mar, 2018 - 18:30

É a terceira operação do género em favelas do estado nas últimas semanas.

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As forças de segurança do Brasil lançaram uma operação com 900 soldados na favela Vila Kennedy, localizada na região oeste do estado do Rio de Janeiro.

"A operação foi lançada numa favela chamada Vila Kennedy, na zona oeste do Rio de Janeiro, com 900 homens das Forças Armadas apoiados por veículos blindados, aeronaves e com equipamentos de engenharia pesada", anunciou em comunicado o comandante das forças de segurança.

Segundo o mesmo comunicado, a operação inclui patrulhamento dos acessos e também incide no espaço aéreo, com "restrições de voos de aeronaves civis".

Os militares estão também a limpar as ruas da favela que se encontram repletas de obstáculos, colocados por traficantes para dificultar a progressão das forças de segurança.

No sábado, numa operação anterior, as Forças Armadas já haviam removido barricadas erguidas em várias ruas, mas os traficantes voltaram a montá-las algumas horas depois da partida dos militares.

A operação desta quarta-feira é a terceira ação deste tipo realizada na favela desde que o Presidente brasileiro, Michel Temer, assinou um decreto transferindo o comando das operações contra o crime organizado neste Estado para o Exército.

A decisão, porém, foi criticada por defensores dos direitos humanos que temem que a população das favelas - bairros muito desfavorecidos onde vivem um quarto dos habitantes do Rio de Janeiro - sejam submetidos a abusos durante as operações.

A mesma preocupação foi expressa hoje pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, que se manifestou alarmado com o facto de as Forças Armadas brasileiras terem assumido a segurança no Estado.

No relatório anual que apresentou hoje no conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o responsável criticou o decreto de Michel Temer que autoriza as Forças Armadas brasileiras a desempenhar as tarefas da Polícia no Rio de Janeiro, força que fica sob o comando do Exército.

"As Forças Armadas não são especializadas em segurança pública ou em investigação", afirmou Zeid Al Hussein, que deplorou ainda o pedido do Exército de perdão por crimes cometidos pelos soldados.

O responsável da ONU apelou ao Governo brasileiro para que garanta que as políticas de segurança respeitem os direitos humanos e que as medidas adotadas evitem discriminações ao nível da criminalização com base na raça ou no nível socioeconómico.

A crise de violência que abala o Rio saldou-se, no ano passado, em 6.731 homicídios, entre os quais os de mais de 100 polícias e uma dezena de menores por "balas perdidas".

Só no passado mês de janeiro, o Estado do Rio de Janeiro, cuja população se concentra maioritariamente na região metropolitana da capital homónima, registou uma média de 21 mortes violentas por dia.

A previsão é que as Forças Armadas obtenham o controlo da segurança no Rio de Janeiro até finais deste ano, embora Temer tenha dito que poderá levantar a medida antes, se a situação na região estiver normalizada.

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