08 mar, 2018 - 07:24
O Museu do Holocausto dos Estados Unidos retirou o prémio de direitos humanos atribuído a Aung San Suu Kyi, líder de Myanmar (antiga Birmânia) por ter falhado na resposta à perseguição dos rohingya no país.
O museu anunciou a retirada do prémio Elie Wiesel atribuído à Nobel da Paz em 2012.
Um porta-voz da líder já reagiu dizendo que a decisão foi baseada em "informações erradas", sublinhado que a notícia deixa o governo do país "muito desapontado e triste".
Suu Kyi, que passou anos em prisão domiciliária por se opor à ditadura militar no seu país, tornou-se então um símbolo da luta pelos direitos humanos e ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1991.
Em 2015, o seu partido ganhou uma vitória esmagadora e Suu Kyi assumiu o cargo recém-criado de conselheira do Estado, embora o exército ainda tenha um poder político e económico significativo.
Esperava-se que Suu Kyi fizesse a transição de respeitada figura da oposição para a de líder política reformista, mas os defensores dos direitos humanos consideram-na uma desilusão, sobretudo devido à situação dos rohingya.
O êxodo da minoria étnica e religiosa (os rohingya praticam a religião muçulmana num país maioritariamente budista) começou no final do mês de agosto do ano passado, durante a operação militar desencadeada pelo exército de Myanmar contra o movimento rebelde Exército de Salvação do Estado Rohingya, que acusam de ser responsável por ataques contra postos militares e policiais.
O Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos considerou estar em curso uma "limpeza étnica", sublinhando que há indícios de genocídio contra a minoria muçulmana.
Cerca de 700 mil rohingya deixaram o país e estão agora a viver em campos de refugiados no vizinho Bangladesh, naquela que é considerada uma das crises humanitárias mais graves do início do século XXI.