12 mar, 2018 - 08:14
“Myanmar: Militares ganham terreno à medida que as forças de segurança criam bases nas aldeias Rohingya incendiadas” é o título do novo relatório da Amnistia Internacional, que documenta através de testemunhos e imagens de satélite a intensificação da militarização do estado de Rakhine.
A organização de direitos humanos acusa as forças de Myanmar (antiga Birmânia) de estarem a arrasar a região de Rakhine, incendiando vilas e aldeias habitadas pelas comunidades rohingya.
"O que estamos a assistir no estado de Rakhine é uma conquista de terra pelos militares numa escala dramática. Novas bases estão a ser construídas para abrigar as mesmas forças de segurança que cometeram crimes contra a humanidade contra os rohingya", criticou Tirana Hassan, diretora de Resposta a Crises da Amnistia Internacional.
Segundo a organização, as forças militares estão a construir, nas terras de onde os rohingya se viram forçados a fugir, novas estradas, bases militares e outras estruturas, desde janeiro passado, tornando cada vez mais impossível o regresso dos refugiados às suas casas.
Tirana Hassan afirmou ainda que o repatriamento dos refugiados rohingya presentes no Bangladesh é uma realidade muito distante.
Myanmar, de maioria budista, não reconhece a cidadania aos rohingya, muçulmanos, e submete-os desde há décadas a todo o tipo de discriminações, incluindo restrições à liberdade de movimentos e ao acesso ao mercado de trabalho.
O êxodo dos rohingyas teve início em meados de agosto, quando foi lançada uma operação militar do exército birmanês contra o movimento rebelde Exército de Salvação do Estado Rohingya devido a ataques da rebelião a postos militares e policiais.
Perto de 700 mil rohingyas estão refugiados no território do Bangladesh.