12 mar, 2018 - 12:58
Chernobyl, na Ucrânia, pode voltar a gerar eletricidade, mas desta vez usando a energia do sol. A 100 metros das ruínas da central onde, em abril de 1986, ocorreu o pior desastre nuclear do mundo, estão hoje instalados quase quatro mil painéis fotovoltaicos.
"A ideia é dar uso ao terreno abandonado, que não é adequado para qualquer outra coisa, e de alguma forma desenvolver o projeto e fazer negócios em Chernobyl”, explica à agência Bloomberg o empresário ucraniano Yevgen Variagin, da Rodina Energy Group que, em parceria com a Enerparc AG, está a desenvolver o projeto Solar Chernobyl SPP.
Depois do acidente, Chernobyl tornou-se um conjunto de aldeias e terrenos abandonados que, aos poucos, vão sendo engolidos pela densa floresta.
Depois da destruição de reatores em 2000, as autoridades debatem o destino a dar à região.
A aposta nas renováveis
A Ucrânia pretende reduzir a dependência do gás, proveniente da Rússia, e do carvão e por isso quer duplicar a produção de energia solar e de outras energias renováveis. Chernobyl pode ser uma ajuda, já que tem uma área quase do tamanho do Luxemburgo.
Com uma capacidade de cerca de 1,2 gigawatts de energia solar produzida até o final de 2017, a Ucrânia assumiu relevância no mercado, tornando-se um concorrente relevante para outros países europeus, como a Áustria.
O objetivo agora é atrair empresas para gerar mais 1,2 gigawatts de energia solar em Chernobyl – o suficiente para alimentar 200 mil casas.
As autoridades estão a avaliar as condições de edifícios abandonados e promovem investigações científicas na região. O Governo percebeu entretanto que a energia solar representava uma oportunidade e “está a facilitar a criação das empresas”, conta à Bloomnerg Vitalii Petruk, da Agência Estatal da Ucrânia. "Agora entendemos o que precisa ser mudado", acrescenta.
No total, 203 empresas possuem uma licença estadual para gerar energia solar na Ucrânia.
A central nuclear de Chernobyl fez parte da estratégia nuclear soviética, mas a explosão do reator mudou tudo ao criar um problema ambiental e de saúde com o qual o país ainda tem de lidar.
O acidente causou a morte a 49 pessoas e milhares de outras tiveram e continuam a ter problemas de saúde por causa da radiação.