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​Unesco diz que falta de água deve ser enfrentada com soluções da natureza

19 mar, 2018 - 16:41

"Se não atuarmos, até 2050 cerca de cinco mil milhões de pessoas vão viver em zonas com escassez de água", uma preocupação que será um dos focos do Fórum Mundial da Água, que começa esta segunda-feira, em Brasília.

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A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) defende que a escassez de água deve ser enfrentada com soluções de gestão baseadas na natureza, para evitar eventuais "conflitos" relacionados com este recurso.

"Necessitamos de novas soluções de gestão dos recursos hídricos para enfrentar novos desafios relacionados com a segurança da água, devido ao crescimento demográfico e às alterações climáticas", disse esta segunda-feira a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, citada numa informação hoje divulgada.

A propósito do Fórum Mundial da Água, que começou esta segunda-feira em Brasília, no Brasil, a Unesco preparou uma informação que propõe soluções baseadas na natureza para melhorar a gestão da água, tema que a responsável considera um "desafio maior", que deve ter uma abordagem conjunta para impedir eventuais "conflitos" relacionados com a falta deste recurso.

"Se não atuarmos, até 2050 cerca de cinco mil milhões de pessoas vão viver em zonas com escassez de água", uma preocupação que será um dos focos do Fórum Mundial da Água.

Procura de água "multiplicou-se por seis"

Segundo a Unesco, a procura de água no planeta "multiplicou-se por seis" nos últimos 100 anos e cresce a um ritmo de 1% em função do crescimento da população, do desenvolvimento económico e dos padrões de consumo.

A organização defende que a população mundial, atualmente de 7,7 mil milhões de pessoas, será, em 2050, de 9,4 a 10,2 mil milhões, mais de 60% das quais concentradas nas cidades.

Embora com "grandes diferenças" entre os países, a Unesco calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) global "aumentará 2,5 vezes" e que a procura mundial de produtos agrícolas e de eletricidade subirá entre 60% e 80% em 2050, tendo em conta as alterações climáticas.

A Unesco identifica como problema adicional o facto de a procura para a agricultura representar "70% das extrações de água mundial" e refere que, com base nas variações próprias desta atividade - relacionadas com os solos e as condições meteorológicas -, o comportamento da procura anual no setor está "cheio de incertezas".

Na indústria, que inclui a produção e distribuição de energia, que consome cerca de 20% da água, a organização prevê que a procura possa aumentar até oito vezes até 2050.

Soluções naturais

A Unesco defende a adoção das chamadas Soluções Baseadas na Natureza, um conceito centrado na promoção de uma "infraestrutura verde", em oposição à "infraestrutura cinzenta" da urbanização e do cimento.

Além de várias práticas que podem ser adaptadas na agricultura, a organização propõe alternativas para as cidades, como aquelas da "engenharia ecológica", com modelos que ajudam a preservar a água e o ambiente.

Entre os exemplos, estão as fachadas de edifícios cobertas de plantas ou os telhados com jardins. Recomenda formas "naturais" de reciclar e recolher a água, assim como a criação de depósitos para alimentar os lençóis freáticos e proteger as bacias hidrográficas que alimentam as cidades.

"Durante muito tempo, o mundo recorreu em primeiro lugar a infraestruturas construídas ou 'cinzentas' para melhorar a gestão dos recursos hídricos" e, frequentemente deixou de lado o conhecimento tradicional que "adota abordagens mais ecológicas", defende.

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