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Presidente do Conselho Europeu não felicita Putin

21 mar, 2018 - 19:26

Em causa, diz Donald Tusk, está o caso do ex-espião duplo de origem russa Serguei Skripal e da sua filha Yulia que foram envenenados com um agente neurotóxico, cujo fabrico remonta à altura da União Soviética.

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Cronologia interativa: O que sabemos sobre o caso Skripal


O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, recusou felicitar Vladimir Putin pela sua reeleição nas eleições presidenciais russas no passado domingo, justificando a sua atitude com o caso do envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal em solo britânico.

"Depois do ataque de Salisbury [no sul de Inglaterra], não tenho disposição para felicitar Putin pela sua reeleição", disse Donald Tusk, numa conferência de imprensa em Bruxelas, um dia depois do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ter enviado uma carta de felicitações a Putin.

O político polaco referia-se ao caso do ex-espião duplo de origem russa Serguei Skripal, de 66 anos, e da sua filha Yulia, de 33 anos, que, segundo Londres, foram envenenados com um agente neurotóxico identificado como Novichok, cujo fabrico remonta à altura da União Soviética.

Os dois, que ainda permanecem hospitalizados em estado grave, foram encontrados inconscientes no passado dia 4 de março, num banco num centro comercial em Salisbury. O Reino Unido responsabiliza Moscovo por esta tentativa de homicídio.

A carta de Jean-Claude Juncker a Putin mereceu fortes críticas britânicas, porque a missiva não mencionou o clima de tensão verificado na sequência do caso Skripal.

"Esta carta de Jean-Claude Juncker é vergonhosa", disse a eurodeputada e líder dos conservadores britânicos no parlamento europeu, Ashley Fox, num comunicado.

"Felicitar Vladimir Putin pela sua vitória eleitoral sem fazer referência à clara manipulação de boletins de voto que teve lugar já é suficientemente mau. Mas o facto de não mencionar a responsabilidade da Rússia no ataque com um agente neurotóxico militar contra inocentes no meu círculo eleitoral é ofensivo", afirmou Ashley Fox, eurodeputada eleita pelo círculo eleitoral que integra a cidade de Salisbury.

O antigo primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt, presidente da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE) no parlamento europeu, também fez declarações muito duras sobre este assunto.

"Este não é o momento para felicitar", referiu o político belga na rede social Twitter.

"Iremos sempre precisar de um diálogo com a Rússia, mas os laços mais próximos deverão ser sempre condicionados pelo respeito pela ordem internacional fundada em regras e valores fundamentais", frisou Verhofstadt.

O caso do ex-espião russo Serguei Skripal será um dos temas em debate na próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), agendada para Bruxelas para quinta e sexta-feira (dia 22 e 23 de março).

A atitude em relação a Moscovo está a dividir, no entanto, os Estados-membros da UE. A maioria está convencida da responsabilidade de Moscovo, mas muitos recusam inflamar as relações entre a Rússia e o bloco comunitário e incriminar diretamente o Kremlin (Presidência russa).

Este caso está a provocar um clima de forte tensão entre a Rússia e o Reino Unido. Londres anunciou a suspensão de contactos bilaterais de alto nível com Moscovo e a expulsão de 23 diplomatas russos do Reino Unido.

Em resposta, Moscovo também anunciou a expulsão de 23 diplomatas britânicos e o fim das atividades do British Council na Rússia.

Vladimir Putin foi reeleito Presidente da Rússia no domingo passado com 76,67% dos votos.

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