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"Amigo especial" de Trump não o convenceu a manter acordo nuclear com o Irão

26 abr, 2018 - 13:47

Macron explicou ao Presidente dos EUA que acabar com o histórico tratado vai abrir uma perigosa "caixa de pandora". Mesmo assim é provável que Trump decida "livrar-se dele", avançou o Presidente francês.

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O Presidente de França assumiu na quarta-feira à noite, no final da sua visita oficial de três dias aos EUA, que provavelmente não conseguiu convencer Donald Trump a manter o acordo nuclear com o Irão em vigor, tecendo críticas à volatilidade "louca" do Presidente norte-americano no que toca a este e a outros tópicos quentes de política internacional.

Emmanuel Macron tinha esperanças de convencer o homólogo norte-americano quanto à manutenção do tratado assinado pelas principais potências mundiais com o Irão em 2015. Contudo, depois de ter passado os últimos três dias em Washington D.C. a convite de Trump, o líder de França disse ontem aos jornalistas que é provável que Trump não se tenha deixado convencer.

"Não sei o que é que o Presidente vai decidir, mas é minha opinião que ele vai livrar-se do acordo por razões internas", disse Macron, citado pelo "Guardian". Antes disso, o chefe de Estado francês - com quem Trump diz ter desenvolvido uma "amizade especial" nos últimos tempos - explicou aos repórteres que tentou fazer ver ao homólogo como acabar com o acordo nuclear iraniano "vai abrir uma caixa de pandora" e que isso poderá ter consequências perigosas para todo o mundo.

Lembrando que Trump também decidiu retirar os EUA do Acordo do Clima de Paris, outro compromisso internacional subscrito pela administração de Barack Obama, Macron não poupou palavras ao sublinhar que estas frequentes reviravoltas dos norte-americanos nos palcos mundiais "até podem funcionar no curto prazo mas são muito loucas no médio e longo prazo".

O acordo em questão foi assinado em 2015 pelo Irão e o chamado P5+1, ou seja, os cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) mais a Alemanha. Graças a ele, Teerão aceitou suspender todos os seus programas de enriquecimento de urânio em troca da suspensão das sanções económicas ocidentais de que era alvo há vários anos.

Desde que tomou posse como Presidente dos EUA, em janeiro de 2017, Trump te prometido acabar com o que diz ser "o pior acordo de sempre", algo que voltou a repetir nos encontros privados com Macron no início desta semana. Apesar da sua oposição ao entendimento, a administração norte-americana tem repetidamente validado essa suspensão das sanções ao Irão.

O próximo prazo a ter em atenção é 12 de maio, dia em que o governo federal e o Congresso norte-americano voltam a votar a favor - ou, diz Macron, provavelmente contra - o acordo iraniano.

Entretanto, o secretário da Defesa norte-americana, Jim Mattis, já respondeu às preocupações dos analistas sobre o impacto nocivo que esta potencial decisão pode vir a ter nas negociações em curso com a Coreia do Norte. Citado pela agência Reuters, Mattis garantiu que a futura decisão dos EUA sobre o Irão não influenciará a aparente disponibilidade de Kim Jong-un para suspender o seu programa nuclear.

[Notícia atualizada às 15h50]

Trump e Macron. A visita de “um amigo especial”
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