02 mai, 2018 - 18:35 • Ana Rodrigues
O incidente na República Centro-Africana que ontem envolveu os militares portugueses que se encontram na capital, Bangui, culminou na morte de cerca de 20 pessoas – incluindo um padre – e ainda não está resolvido.
Contactado esta quarta-feira à tarde pela Renascença, o segundo comandante da força portuguesa em Bangui disse que os paraquedistas portugueses ainda se mantêm no local, junto à igreja de Nossa Senhora de Fátima, para proteger os civis e evitar que a Igreja seja incendiada por milícias muçulmanas, como receiam os quatro padres que ali se encontram.
Segundo o major Henrique Carvalho a força de paraquedistas portugueses que integra a Minusca, missão da ONU neste país, foi “ativada cerca das 11h45 para responder a uma situação de troca de tiros próximo de uma igreja católica a sul do terceiro distrito, na capital de Bangui.”
O major explica que quando a força lá chegou encontrou um cenário de horror. “O padre diz que cerca de 20 pessoas morreram, um deles foi um padre que estava lá a celebrar a missa.”
“O ataque foi feito da seguinte forma: houve tiros de uma viatura que parou na parte frontal da igreja. Houve pessoal que apeou e houve mais disparos desses elementos apeados. Entretanto havia muitos fiéis numa área campal a assistir à missa e foram lançadas pelo menos duas granadas.”
Apesar de o incidente ter ocorrido na terça-feira, nesta altura os militares portugueses continuam no local, junto à igreja, para proteger as pessoas e evitar que esta seja incendiada, já que essa é a ameaça que foi feita pelos atacantes
“Ficaram lá toda a tarde e toda a noite. Estão lá neste momento quatro padres que não se vão embora porque vivem lá e porque há uma intenção clara, segundo eles, de queimar a igreja”
A força portuguesa tem assim sido revezada para manter sempre um grupo no local.
Nenhum militar português foi ferido neste incidente, segundo o major Henrique Carvalho. Os paraquedistas estão bem, apesar de haver cansaço e preocupação uns com os outros. O oficial diz que a situação está a ser encarada “um dia de cada vez”, mas com serenidade.