13 mai, 2018 - 14:32
A Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) venceu as eleições legislativas antecipadas de sábado, em Timor-Leste, com mais de 305 mil votos (49,56% do total). São os dados praticamente finais do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE).
Restam nove dos 85 centros de votação do município de Bobonaro, onde a AMP lidera com ampla vantagem (mais de 51,29% dos votos).
A AMP, liderada pelos ex-Presidentes Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak, obtém assim 34 dos 65 mandatos do Parlamento Nacional, o que lhe permite formar o VIII Governo constitucional sem necessitar de qualquer apoio adicional.
Em segundo lugar ficou a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que liderou a coligação minoritária do anterior Governo e que obteve cerca de 211 mil votos (34,27% do total), mantendo o mesmo número de deputados, 23.
A AMP venceu na maioria dos municípios, em concreto Aileu, Ainaro, Bobonaro, Covalima, Dili, Ermera, Liquiçá, Manatuto, Manufahi e ainda na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA) e no centro instalado na Coreia do Sul.
A Fretilin, por seu lado, venceu em todos os municípios do leste do país, Baucau, Lautem e Viqueque e ainda na Austrália, Portugal e Reino Unido.
No Parlamento estará também o Partido Democrático (PD) – parceiro da Fretilin no VII Governo, que perde dois deputados para cinco, tendo obtido quase 49 mil votos ou 7,95% do total.
Pela primeira vez no Parlamento estará a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) – uma coligação de quatro pequenos partidos – que terá três lugares e que obteve quase 34 mil votos (49,56% do total).
Nenhuma das outras oito forças políticas conseguiu chegar à barreira dos 4% de votos válidos que é necessária para conseguir eleger deputados.
Os dados mostram um aumento da taxa de participação, que em 2017 foi de 76,74% e este ano aumentou para quase 80%.
Os três partidos que integram a AMP conseguiram aumentar, em conjunto, a sua vantagem sobre a Fretilin, de cerca de 84.500 em 2017 para mais de 90 mil.
Globalmente, a AMP teve mais de 94 mil votos que a Fretilin (a diferença era de cerca de 83.600), tendo aumentado o seu apoio total em cerca de 52.500 votos, enquanto a Fretilin viu crescer o seu apoio eleitoral em quase 41 mil votos.
De referir ainda o aumento de cerca de 5.700 votos da FDD.
Os piores resultados foram dos partidos que integram a coligação MSD, que perderam mais de 10 mil votos, e do PD que perdeu quase seis mil.
Os dados têm agora que ser reconfirmados na Comissão Nacional de Eleições (CNE), numa tabulação nacional (não se trata de uma nova contagem, apenas de uma verificação das atas).
É nessa fase que é decidida, com a presença dos partidos, a distribuição dos quase 600 votos "reclamados", ou seja, votos em que, no momento de contagem, houve disputa sobre a quem deveriam ser atribuídos.
Os resultados finais terão depois que ser confirmados pelo Tribunal de Recurso, o que se prevê ocorra até final de maio, devendo os deputados tomar posse em junho.
Só depois deverá ocorrer a formação do Governo que deverá ser liderado, como o próprio disse à Lusa, por Xanana Gusmão, que regressa assim ao cargo que abandonou em 2015.
Fretilin diz que vai investigar resultado das eleições
A Fretilin diz ter suspeitas de irregularidades nas legislativas de sábado e o secretário-geral, Mari Alkatiri, pediu calma aos militantes enquanto a direção do partido investiga.
"Não estou convencido com este resultado. Vamos investigar as suspeitas que temos de irregularidades. Isso não significa provas. Mas desconfiamos", afirmou numa declaração em vídeo divulgada na página oficial da Fretilin no Facebook.
Numa declaração em tétum para os militantes do partido reunidos no Comité Central da Fretilin (CCF), Mari Alkatiri disse que se as suspeitas não se comprovarem, a Fretilin aceitará o resultado e será uma "oposição forte".
"Peço aos camaradas em todo o Timor-Leste para se manterem calmos, enquanto a direção da Fretilin investiga", disse.
"Mantenham a calma enquanto a liderança trabalha, porque para fazer reclamação são precisos dados, são precisos factos", repetiu.
"A Fretilin apresentará uma reclamação se comprovar que há factos para apresentar reclamações. Se não houver factos, temos que ter paciência e aceitar. Seremos uma oposição forte. E nunca desistiremos. Não seremos apenas um degrau para ajudar os outros se houver problemas", garantiu ainda.